terça-feira, 31 de março de 2020

GRASNAR ÍNTIMO por MARVYN CASTILHO BRAVO

– GRASNAR ÍNTIMO –

Ah! Esse sopro de agrura,
Amortalhado no inconsciente.
Uma lufada da angústia atra,
Despertando minha lembrança silente.

Dolência no brado desvelado,
E deitada no roto andrajo carnal.
Inefável padecer olvidado,
Em esmaecida lágrima feral.

Alvitre no jazer do estofo carnal deletério,
Divagando sob tetro velário,
Íntimo deveras dorido...

No ergástulo cavo,
Turgescer do ser no pélago travo,
E no corpo, um grasnar inumado.

MARVYN CASTILHO BRAVO
Cadeira n.67. LÚGUBRE.
Em XVIII de agosto de MM XVIII. E. V.
Dies Saturni.

segunda-feira, 30 de março de 2020

ABRE AS PORTAS DA OUSADIA por LEANDRO EMANUEL PEREIRA

Viver uma vida com propósito é algo que nos conecta com o universo, pois este último é pura harmonia na sua génese e o ser humano nada mais é que poeira cósmica. Ao nos resignarmos à mediocridade, a uma vida ignóbil, desmerecemos o ato fecundo da nossa solene existência… 

– ABRE AS PORTAS DA OUSADIA – 

Abre as portas da ousadia;
Não queiras ser;
Simples produto de uma profecia;
Tens muito mais para oferecer...

Jamais te resignes ao razoável;
Derivas de um design transcendente;
Onde a falta de capricho é impraticável;
Tens a curadoria da alma senciente...

A espada da mediocridade;
Dilacera o mais alto dos escuteiros;
Mas tu tens o escudo da humildade;
Vives no castelo dos guerreiros...

Saberás enfrentar a demanda;
Do mais sórdido inimigo;
No teu coração ninguém manda;
Nem a razão de um louco desguarnecido...

LEANDRO EMANUEL PEREIRA.
03º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

QUANDO UM HOMEM CHORA de DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

QUANDO UM HOMEM CHORA: O título da reflexão presta-se, perfeitamente, a uma pergunta que se pode colocar a qualquer pessoa. Analisada a epígrafe, sem mais pontuação, pode conduzir a várias interpretações, algumas das quais, a que se pretende ligar a uma fraqueza do género masculino, segundo a qual: “Chorar é próprio das mulheres”. Várias são as circunstâncias que, tal como na mulher, também levam um homem a chorar. 
Se se der por adquirido, que as mulheres choram mais facilmente do que os homens, isso significaria que elas são mais sensíveis, mais sentimentais e mais vulneráveis? Neste caso as mulheres quando choram, constituem a regra e os homens a exceção? 
É verdade que se ouvem muitos homens a dizer que não choram, que por isso mesmo são fortes, que não são piegas, que não se comovem facilmente. Será que tais homens não têm sentimentos, (se bem que o não chorar não significa, necessariamente, falta de sentimentos), mesmo em situações-limite, ou é apenas uma “capa” de pseudovirilidade? 
Pensa-se que, cada vez menos, o homem não deve ser exceção, mas, pelo contrário, integrando a regra. De resto, aceito, sem quaisquer complexos, que chorar pode significar um forte sinal: de emoção, de sensibilidade, de alegria, de tristeza, em circunstâncias bem definidas. 
Naturalmente que pelo facto de um homem chorar, perante uma determinada situação da sua vida, ou em face de grandes acontecimentos, e outro não ter igual comportamento, isso não significará que um tem sentimentos e o outro é insensível. Cada pessoa reage de forma diferente, a acontecimentos idênticos. 
A sociedade preconceituosa ainda ridiculariza o homem que chora, pelo menos quando não conhece os motivos que o levam a chorar (praticamente, excetuam-se aqui a morte de um ente querido, a doença grave de um familiar ou de uma amigo, a perda de emprego, a indiferença de um amigo que se considerava leal ou atitudes que magoam e humilham, entre outras situações). 
Mas o homem também tem sido culpado quanto a alimentar tal preconceito, na medida em que ele foge à exposição pública do choro e, muitas vezes, chora às escondidas, em privado, porque tal comportamento lhe tem sido incutido por uma cultura machista, ou seja, “um homem que chora, é fraco” 
A inexistência de estudos científicos, sobre a fundamentação que explica as razões do homem chorar, para além das abordagens empíricas, deixa margem para diversas interpretações, umas favoráveis, no sentido de que ao homem se reconhece iguais razões para chorar, tal como à mulher; outras que apontam a mulher como mais vulnerável ao choro, desde logo pela sua constituição maternal. 
A dimensão sentimental, na mulher e no homem, não pode ser quantificável em função do género, de maior ou menor sensibilidade, respetivamente. Mulher e homem fazem parte de um todo que se conjuga em plenitude, que ambos sofrem e se alegram nas diversas situações da vida, aliás: «Ante as lágrimas de um homem, toda e qualquer mulher é mãe, aninhando no seu ventre aquele que, ao chorar, transforma-se em doce e indefeso menino.» (Autor Desconhecido) 
Considero que chorar é uma reação muito sentida, algo que nos atormenta ou nos alegra. Em qualquer das situações, é a expressão máxima de sentimentos, que ultrapassam, quase sempre, a racionalidade de uma sociedade facciosa, insensível, egoísta e materialista. Aceito a máxima, segundo a qual: “Razão sem sentimento poderá ser fria; sentimento sem razão, é cego.” 
Quem ridiculariza um homem que chora, pode revelar, desde logo, ser uma pessoa empedernida, autoconvencida de possuir valores exclusivos do seu próprio género (feminino ou masculino), e não universais, demonstrará ser uma criatura incapaz de compreender situações e problemas alheios, uma pessoa que, pretensiosamente, deseja enquadrar-se num determinado grupo que eu diria “pseudo-estóico” A família, a comunidade e o mundo, poderão dispensar pessoas com tais características. 
O homem que chora, que vive sentimentos próprios, e sente no espírito a dor, as emoções alheias, os problemas, que reconhece a sua incapacidade, momentânea, para os resolver, ou que depois de resolvidos se emociona e chora, demonstra que está no caminho certo, porque: «Poucas coisas são mais tristes, belas e comoventes que ver um homem chorar. Isso não quer dizer que o choro de uma mulher não seja importante; mas é comum. A mulher chora por grandes motivos, mas também porque quebrou a unha, porque o namorado mandou flores, porque o chefe está bravo, porque o mocinho venceu tudo e conseguiu ficar com a mocinha no final, porque, porque, porque. 
A mulher não necessita esconder emoções para ser respeitada e quando, por algum motivo, precisa engolir o choro, sente a boca salgada - as lágrimas escorrem pela garganta. O pranto de um homem revela que a emoção, implacável, rompeu as comportas do machismo e desce então em incontroláveis corredeiras. O homem chora quando se incendiou a casa, quando desempregado há meses, quando sai o gol na final - não importa qual rede balance. 
Chora quando nasce o filho. Quando morre o filho. Chora quando filho. 
Se o homem chora perante um amigo, o momento é solene e é segredo. Só os verdadeiros amigos podem contemplar a lágrima de um homem.» (CLEITON J., in: https://br.answers.yahoo.com/question/ index?qid=20090517112949AAFysZ2, 01.05.2019) 
Ao longo da vida, e com o decorrer desta, naquela idade mais experiente, mais prudente, e mais sábia, as emoções são mais fortes, porque olhando-se para trás, verifica-se que muitas situações ficaram por resolver, ou foram mal resolvidas e, perspetivando-se o futuro, conclui-se que o tempo disponível será cada vez menos. 
A angústia aperta, a emoção como que nos sufoca e o choro é inevitável. Na verdade, concordo que “só um homem verdadeiro poderá mostrar suas emoções. Não vejo nada de errado quando um homem chorar. Ele está mostrando seus sentimentos interiores.” 
Os caminhos da vida levam, muitas vezes, a situações verdadeiramente incontroláveis, onde as mais diversas e inacreditáveis condições surgem, sem que, num determinado período de tempo e espaço definido, seja possível encontrar uma solução. 
Aqui, os alegados “amigos” não comparecem, mas os verdadeiros, aqueles que sentem por nós um sincero “Amor-de-Amigo” são os que, realmente, nos ajudam, com o que têm e o que não têm. Com estes amigos, sejam homens ou mulheres. Se é certo que chorar faz bem, enquanto alívio para as mágoas, não é menos verdade que o homem, enquanto pessoa, dotada de sentimentos, igualmente, e tal como na mulher se entristece, sente bem fundo na sua consciência, alma ou espírito, as palavras, atitudes e os comportamentos que lhe são dirigidos e, tanto mais magoam, quanto maior é a amizade de quem as provoca. 
É verdade que em muitas circunstâncias o homem não chorará em público: umas vezes por vergonha; outras porque consegue reprimir o choro, todavia, quando a tristeza é bem profunda, quando a dor é muito intensa, ele acaba por manifestar essa dimensão, tão nobre, quanto outra igualmente sublime. 
Sim, porque: «Um homem que pode chorar, é um homem que não tem medo de saber o que sente. Um homem que pode chorar é um homem que pode se atrever a mostrar o que sente. Um homem que pode chorar sabe que os sentimentos vêm em tez mais clara e escura. Um homem que pode chorar é um homem que reconhece a sua própria vulnerabilidade.» (CHODRON, 2007). 
O homem não é mais forte nem mais fraco do que a mulher, apenas poderá reagir de forma diferente, seja em circunstâncias iguais, ou diversas. Considero muito digno que o homem chore quando não consegue reprimir certos sentimentos e os revela através do choro, e muito lindo quando nesta convulsão é assistido, consolado e fortalecido por uma mulher: seja esposa, amiga, colega. O contrário é igualmente maravilhoso. 
Portanto, quando um homem chora, ele está a revelar emoções e sentimentos bem profundos: sejam de gratidão, de amor, de amizade não correspondida, num contexto de “amor-de-amigo”, de ausência de carinho, de atenção, de indiferença e/ou afastamento do amigo, de atos que magoam e humilham, de preocupações que ainda não conseguiu superar, de incapacidade para resolver certos problemas, mas que, na verdade, até podem não constituir qualquer vergonha, bem pelo contrário. 
Quando um homem chora, algo de extraordinário estará a ocorrer na sua vida. O, aparentemente, simples facto de chorar, por si só, já constitui uma reação de grandeza, de nobreza de caráter, de humildade e, quantas vezes, de exposição sentimental. 
A vida sem sentimentos, sem emoções, sem amizades autênticas, solidárias e leais, sem cumplicidades, atitudes carinhosas, sem princípios e valores, enfim, sem as relações que simbolizam o verdadeiro e incondicional “amor-de-amigo”, provavelmente, não teria sentido. 
Uma vida vazia de sentimentos, excessivamente racional, materialista, calculista e indiferente à amizade, à lealdade, à gratidão, à humildade e à cumplicidade com o amigo, aos sucessos e fracassos do amigo, será, eventualmente, uma vida sofrida, isolada, não partilhada, insegura. 
Por isso, quando um homem chora é bom, porque também revela, justamente, a sua grandeza de alma, a sua dimensão humana, a sua entrega a uma causa, de alegria ou de tristeza, sente e vive no mais “fundo do seu coração” uma determinada situação, com a qual está solidário. 

Bibliografia: 
CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Trad. Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores. 
CLEITON J., (2007). Você se emociona mais ao ver um homem ou uma mulher chorar? in http://br.answers.yahoo.com/question/ index?qid=20090517112949AAFysZ2, Consultado em 11.06.2011) 
SALOMÉ, (2007) in, BÁRTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2011). Quando um Homem Chora, http://diamantinobartolo.blogspot.com 12.06.2011 (TA-154). 
THINKING, (2010). Vale mais um inimigo sábio que um amigo ignorante?, in: https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070418191907AAQT8RX consultado em 05.12.2010). 

Venade/Caminha – Portugal, 2020 
Com o protesto da minha perene GRATIDÃO 

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
02º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

MULHER: PROCEDÊNCIA DE EXISTÊNCIA E ESPERANÇA de DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

MULHER: PROCEDÊNCIA DE EXISTÊNCIA E ESPERANÇA>>> É longo, penoso e injusto o caminho que a Mulher tem vindo a percorrer, para se libertar de diversos “jugos” que, no decurso da sua História, lhe foram sendo colocados, para a desvalorizar, escravizar, humilhar e torná-la um “objeto” para a prática dos mais hediondos “atos/crimes”, de violações diversas, incrivelmente, já em pleno no século XXI, em que ela não desfruta da totalidade dos principais direitos que ao homem são atribuídos, e/ou auto-conseguidos, nomeadamente, no domínio dos salários, do exercício de funções religiosas de alto nível, em algumas religiões, também na política, setor onde está, minimamente, “protegida, por famigeradas quotas, entre outras atividades, isto no que a Portugal se refere. 

É certo que, tradicional e culturalmente, durante milénios, a Mulher tem tido um papel de: subserviência, procriação, lides domésticas, cuidar dos filhos, trabalhar na lavoura, sem qualquer direito de acesso à educação/formação, não podendo exercer atividade profissional fora de casa, nem envolvimento político, social e religioso, apenas, e tão só, a Mulher ao “serviço do homem”, pouco mais do que: “qual fêmea à disposição do macho”, sem direitos alguns, porém, com uma infinidade de deveres. 
A História da Mulher é, deve ser, todos os dias, reescrita, repensada, pragmatizada, até atingir o equilíbrio, em igualdade de circunstâncias com o homem, em tudo o que física, intelectual e biologicamente for possível, sabendo-se, e respeitando-se, todavia, funções sublimes, que só a ela dizem respeito, como gerar no seu próprio ventre e dar à luz os seus filhos. 
No “Dia da Mulher”, é verdade que em todas as suas dimensões, esplendor e dignidade, a Mulher aproxima-se, cada vez mais do homem, aliás nem outra situação seria de esperar, porque já não pode haver dúvidas que a Mulher é parte essencial no sucesso do homem, contudo, a assertiva contrária, também é verdadeira, podendo-se aceitar-se, muitas vezes que: “ao lado de uma grande Mulher está um grande homem e vice-versa”. 
Permitam as leitoras que se utilize uma inofensiva ironia brejeira e que, nesse sentido, se possa elogiar a Mulher, quando se afirma: “mal com as Mulheres; pior sem elas” o que, ainda assim, e numa sociedade culta, equilibrada e eticamente correta, se poderá converter aquela “ironia” no seguinte princípio: “jamais sem as Mulheres; sempre com as Mulheres”, porque elas, em diversas situações da vida, são nossas: irmãs, mães, avós, colegas, companheiras, namoradas, esposas, amantes, enfim, elas, sem qualquer contestação séria e fundamentada, são metade do homem e este, metade delas e, quando unidos pelos vínculos da solidariedade, do amor, da amizade, da lealdade, da cumplicidade, constituem um só corpo e um só espírito, salvaguardadas as devidas adaptações para o relacionamento. 
A Mulher é parte integrante da felicidade do homem, assim como este também o é para a Mulher, quando ambos se amam verdadeiramente, sem quaisquer superioridades, ou submissões de nenhuma espécie, mas há que reconhecer na Mulher uma sensibilidade mais apurada para o exercício da dimensão amorosa e sonhadora, bem como para os valores humanistas, seguramente, com as exceções que, como em tudo na vida, existem. 
Muitas vezes, ouve-se dizer, em certos círculos, atrofiada e ostensivamente masculinizados, que a Mulher é o “sexo fraco”. Porquê? Eventualmente porque tais pessoas, que assim se “autovangloriam” dessa pseudosuperioridade, receiam perder algum tipo de poder? Não são capazes de reconhecer na Mulher as suas imensas capacidades, inteligência, subtilidade e sensibilidade para a harmonia, ao contrário de muitos daqueles indivíduos, por isso, a fraqueza e o ridículo estão nestas “cabecinhas” que se autointitulam de “sexo forte”. 

Na esmagadora maioria das situações, o que seria de milhões de crianças, em todo o mundo, se lhes faltasse a mãe? Em milhares de casos de abandono dos filhos, por parte do pai, se não fossem os sacrifícios, o amor e a coragem da mãe, qual seria o futuro destas crianças e jovens? E, quando o pai, por egoísmo, foge às exigências da vida familiar, irresponsável e cobardemente, deixando nos braços da mãe e, muitas vezes, também nos dos avós maternos as crianças, que não pediram para nascer! Afinal quem é o “sexo forte”? Onde está a “valentia” desses homens? 
O “Dia da Mulher”, tal como o “Dia da Mãe”, deverá ser celebrado com pompa e circunstância, porque a Mulher será sempre fonte de vida e de esperança, um “Porto Seguro”, onde muitas vezes os mais necessitados são acolhidos com carinho e amor, seja maternal, seja a título misericordioso e caritativo, mas lá está ela, a Mulher, pronta e abnegada para ajudar quem precisa, partilhando, apoiando e incentivando para atitudes de otimismo, criando, assim, um clima de confiança. 
Vive-se a terceira década do século XXI, com: imensos conflitos; tremendas dificuldades para muitas pessoas, famílias e países; “chagas sociais terríveis” – fome, desemprego, perda de direitos adquiridos, saúde precária para muita gente, violência doméstica, justiça a atravessar contestação, uma sociedade em acelerada transformação, na qual a Mulher é cada vez mais maioritária, mas com muitos obstáculos para vencer, não obstante estar a demonstrar que intervém com eficiência e determinação, nos setores e situações em que se envolve. 
A Mulher vem, ainda que paulatinamente, conquistando o espaço a que jurídica, social e humanamente tem direito, estando presente em, praticamente, todos os ramos de atividade, manifestando que é tão capaz quanto o seu companheiro masculino, que quer trabalhar ao seu lado, porém, sem discriminações, porque na constituição da humanidade não pode haver “sexo forte” ou “sexo fraco”, mas sim, Mulheres e Homens, com idênticos deveres e direitos. 
Na verdade interessa, porque é justo, enaltecer as qualidades da Mulher, sabendo-se que nunca há regras sem exceções mas, na circunstância, a regra é a maioria das Mulheres bem-formadas: ética e moralmente, competentemente profissionais; esposas e mães carinhosas, afetivas e extremamente cuidadosas com os seus entes queridos; generosas e voluntariosas, quando é preciso ajudarem o próximo; solidárias e leais, para com quem elas pretendem relacionar-se intimamente, numa perspetiva de constituição de família ou de um “amor-de-amigo”. 
No passado, como hoje, o mundo não funcionaria sem a Mulher, porque o seu contributo para a defesa e boas-práticas dos princípios, valores e sentimentos mais nobres, está nelas, e será com elas que a sociedade deve contar, para a paz e para a felicidade, sem violências nem armas, mas através do amor que só uma Mulher sabe dar e receber, a quem e de quem ama profundamente, mas também um amor de benevolência e de apaziguamento de ódios e vinganças. 
O “Dia da Mulher” é festejado em muitos locais do mundo, porque, realmente, ela é um elemento criado por Deus, para fazer do homem um SER melhor (ainda que, biblicamente, possa ser acusada de todos os males), porque só ela sabe ser filha, esposa, companheira, amante, mãe, avó, tudo isto, parentescos e papéis insubstituíveis, de grande relevância para esta sociedade conturbada. 
É tempo, portanto, de reconhecer, inequivocamente, o papel da Mulher nos contextos que a vida em sociedade lhe proporciona, não só enquanto pessoa, individualmente considerada, mas como membro de uma família, de um grupo, de uma instituição, porque o homem, praticamente, já não é insubstituível, na maioria das atividades humanas, reservando-se, todavia, algumas capacidades e qualidades que lhe são próprias ao nível biosexual natural, da sua condição de progenitor, na medida em que, neste papel supremo, não deve ser trocado por outro processo de coprocriação: uma mulher - um homem ressalvando-se, obviamente, o respeito por quaisquer outros processos e orientações sexuais, que devem ser colmatadas com os meios que a ciência e a tecnologia nos coloca à disposição. 
Neste dia, inteiramente dedicado à Mulher: a sociedade em geral; e os homens em particular, devem render-lhe homenagem, agradecer-lhe a intervenção benévola, que ao longo da História tem tido (salvo algumas más exceções), para um mundo melhor, na defesa dos princípios e valores essenciais que conduzem à felicidade e que ela, a Mulher, continua no caminho da sua total libertação, não só de “pseudo-homens”, como também no sentido da sua autonomia pessoal, a nível: profissional, económico, financeiro, cultural e espiritual, entre outros. 
Nesta terceira década do século XXI, ainda há muito por fazer, a fim de que a Mulher possa atingir o estatuto a que, ética e moral, legítima e legalmente tem direito. Cabe ao Estado/Governo, às instituições, mas também aos seus companheiros, e a elas próprias, implementar e apoiar, respetivamente, todas as medidas legislativas, laborais e familiares, para que a Mulher alcance o estatuto profissional, social e ecuménico que lhe é devido desde sempre, e tenha mais tempo para desempenhar alguns dos seus principais papéis: filha, esposa, mãe, avó, para além dos graus de parentesco colaterais. 
Estar ao lado da Mulher, apoiá-la e defendê-la é o mínimo que se pode exigir do Homem com “H-grande”, aquele que, verdadeiramente, reconhece a Mulher como parte insubstituível da sua existência, do seu sucesso, tem o dever, mas também a honra, de ser solidário, amigo, leal, grato e cúmplice para com a Mulher que, de igual forma, deve retribuir, porque é nesta simbiose de partilha entre os dois, que a sociedade tem algumas hipóteses de alcançar a felicidade. 

Venade/Caminha – Portugal, 2020 
Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
02º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

PENSAMENTO E AÇÃO COERENTES de DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

PENSAMENTO E AÇÃO COERENTES: A coerência entre pensamento e praxis é uma faculdade, provavelmente, específica do ser humano, que poderá ser possível em função de princípios e valores, dos quais não se abdicam numa qualquer circunstância. Levar à prática todos os pensamentos, afigura-se, igualmente, uma tarefa de muito difícil execução.
O pensamento, por enquanto, não é escrutinável por instrumentos e técnicas que possam determinar, com rigor absoluto, o que cada ser humano, em cada momento da sua vida, está a pensar, pese, embora, a existência de alegadas “máquinas da verdade” que, dando o benefício da dúvida, e/ou a ignorância pessoal, não são autorizadas para fins criminais e outras aplicações de responsabilidade idêntica.
O que importa refletir, neste trabalho, é: até que ponto se pode aceitar, e/ou exigir, uma praxis fiel a um determinado pensamento? Que coerência é possível entre o que se pensa acerca de uma pessoa, grupo de “amigos” e/ou profissional, uma situação e, paralelamente, no dia-a-dia, agir em conformidade com aquele pensamento?
Aqui e para já, colocam-se duas situações:
a) Se se pensa favoravelmente, portanto, pelo lado positivo, pelas boas qualidades que uma pessoa possui, então não haverá dificuldade em se ser coerente com tal pensamento e a praxis é reveladora disso mesmo, não havendo nela nenhum atitude hipócrita, pelo contrário, manter-se-á, inclusivamente, alegria e prazer em conviver e trabalhar com a pessoa por quem se tem sentimentos e opiniões favoráveis;
b) Numa postura inversa, as dificuldades serão maiores e, mais tarde ou mais cedo, insuperáveis. Com efeito, pensar-se acerca de uma pessoa, grupo ou situação, sobre o que elas são, em termos de princípios e valores, de juízo negativos e, simultaneamente, ter uma conduta cínica e falsa, como se tudo estivesse bem, como se na consciência do avaliador tudo fosse positivo, sobre a pessoa com que se convive, social e profissionalmente, revela incoerência e falta de ética moral e profissional, se for o caso. Nestas circunstâncias o que parece correto e digno, é o afastamento, educado, sem que isso implique ou retire os juízos de valor antes formulados.
Evidentemente que no mundo atual, assumir as consequências de um determinado pensamento em relação a pessoas, grupos e situações pode significar o fim de uma relação (ainda que desleal e hipócrita), o fim de uma carreira profissional, o fim de um cargo público. A estratégia adotada, como defesa e impenetrabilidade a esse pensamento é não o divulgar em todas as suas vertentes e agir, incoerentemente, transmitindo assim à outra parte a ideia de que se pensa positivamente, acerca dela. É obvio que se está no domínio da hipocrisia.
A sociedade desenvolve-se pelo princípio da influência, da troca, da oferta e da procura. Adaptar a postura do meio-termo, nem por defeito, nem por excesso, pode garantir, de facto, o equilíbrio da mesma, porém, há valores dos quais não se pode abdicar, sob pena dessa mesma sociedade ruir pelos seus alicerces. Os valores da lealdade, da coragem, da dignidade, da honestidade, da frontalidade, entre outros, são essenciais para o bom equilíbrio entre pessoas, comunidades e o mundo em geral.
Por isso, a coerência entre o que se pensa e o que se faz é fundamental, até para tranquilizar os espíritos de quem formula princípios e juízos de valor. No campo profissional, tal coerência deve restringir-se à colaboração necessária, com vista aos objetivos a atingir, dos quais, afinal, todos beneficiam e, por outro lado, aumentará a credibilidade e prestígio das instituições.
O mesmo poderá não acontecer no domínio estrito das relações pessoais e de amizade. Na verdade, como se podem considerar relações pessoais e de amizade, por exemplo, com um colega que é objeto de, no pensamento de outro colega, não haver as melhores referências, obviamente, no sentido positivo? Como reagir a esta situação, se na relação não pode existir verdadeira e sincera amizade?
Também neste domínio, três alternativas se podem colocar:

a) Ter a coragem de dizer ao colega tudo o que pensa e escreve acerca dele, iniciando assim um possível conflito, praticamente, insanável, porque escondido, provavelmente, durante algum tempo?
b) Continuar numa atitude hipócrita, de falsa amizade e relação profissional aparentemente colaboradora?
c) Manter os princípios e juízos de valor no seu próprio pensamento e, paralelamente, proceder a um afastamento digno e paulatino, em ralação ao colega sobre quem não se tem um pensamento favorável?
Admite-se que muitas outras podem ser as soluções, perante uma realidade que talvez exista no pensamento de cada pessoa, ainda que o neguem. Pretende-se, aqui, defender a solução que se afigura a mais coerente entre pensamento e ação. Sendo verdade que ninguém é obrigado a revelar os seus próprios pensamentos, também é imperioso que os comportamentos contrários àqueles sejam eliminados. Isto é, se uma pessoa pensa acerca de outra que esta não possui determinadas características/qualidades, que até podem não a abonar ética ou moralmente, então só resta à primeira afastar-se, não a acompanhar ou, no mínimo, tentar não forçar ou evitar situações de convívio.
Se uma pessoa entende que uma outra, poderá não ser bom colega de trabalho, um amigo fiel, que é capaz de atropelar certos princípios ético-deontológicos, para obter um benefício próprio, em prejuízo de outro colega, então a adequada relação profissional e pessoal ficam gravemente prejudicadas, restando, nestas circunstâncias, um certo desligar desse colega.
Se uma pessoa considera que uma outra teria uma suposta boa relação de “amizade”, mas que na hora certa não demonstra essa amizade, então a coerência desejada não se verificou e, pelo contrário, o que se conclui é que pensamento e ação não são convergentes.
É evidente que nesta reflexão não se pretende defender quaisquer comportamentos moralistas, até porque, isso sim, também se entraria no domínio da incoerência, justamente pelos aspetos já referidos, que resultam da sociedade em que se vive. Deseja-se, certamente, um esforço cada vez maior no sentido de, paulatinamente, se reduzirem atitudes cínicas e falsas, que afetam a boa-consciência da pessoa que, pensando de uma maneira, procede de outra.
A coerência está, portanto, entre o que se pensa acerca de uma pessoa, grupo ou situação, e se procede de acordo com tal pensamento. Se não se gosta da pessoa, não se tem que a bajular, que a acompanhar com relativa frequência e, muito menos, manter uma, ainda que aparente, relação de amizade pessoal, social, política ou mesmo profissional muito intensa, (claro que a relação profissional apenas buscará a colaboração, a troca de opiniões, tendo em vista atingir objetivos e melhoria de condições de trabalho e benefícios para todos).
A coerência não será compatível com um pensamento negativo acerca de outra pessoa, seja pronunciado, escrito ou caricaturado e, simultaneamente, aceitar quaisquer favores, companhias e influências, quando na consciência daquele que formula os princípios e valores negativos, sabe que não deve pactuar com tais situações que, nitidamente, configuram um comportamento de deslealdade, hipocrisia e cinismo. Também neste particular, a verdadeira dignidade está em não se permitir qualquer tipo de relacionamento mais próximo, exceto o profissional, embora este com as devidas reservas, salvaguardando, sempre, como já foi referido, objetivos previamente estabelecidos.
A ideia com que se poderá ficar, salvo outras melhores e doutas opiniões, é que, quem, de alguma forma, se pronuncia, desfavoravelmente acerca de outra pessoa, deverá agir em conformidade com o seu pensamento, porque só assim se poderá, aos seus próprios olhos e consciência, tornar-se digna e credível.
É impossível para a pessoa que formula princípios e juízos de valor, negativos, acerca de outra pessoa, conviver com esta, como se nada se estivesse ou esteja a acontecer. Então, a praxis coerente, digna e justa é, precisamente, evitar o mais possível, a pessoa avaliada negativamente, de contrário a deslealdade, a hipocrisia e o cinismo passam a valores predominantes e, qualquer dia, até os que se consideravam amigos, podem começar a suspeitar de tal amizade.
Ainda assim, não sendo ninguém obrigado a divulgar o seu pensamento, vai persistir a questão do porquê de um afastamento. No limite, ou se informa a pessoa que nela haverá aspetos/qualidades que a denigrem, com os quais não se concorda, ou terá de se proceder ao silêncio, sem mais quaisquer informações e às atitudes que possam conduzir a um afastamento parcial e paulatino.
Agora, fazer de conta que nada existe, que nada de negativo se pensa, acerca da pessoa em questão e que com ela se convive cinicamente, isso é que parece difícil de executar. No limite, e para se evitar ambientes profissionais prejudiciais aos objetivos pretendidos, é necessário algum relacionamento, assumindo-se, perante o Tribunal da própria Consciência, que se está a optar pelo mal menor. Claro que cada um responde por si e decide como melhor entender.

Venade/Caminha/Portugal, 2019 

Bibliografia: CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Trad. Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores.

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
02º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

N E G R O S de ANTÓNIO JOAQUIM ALVES CLÁUDIO

INTRODUÇÃO: Poema de nossa autoria classificado em 2º Lugar num Sarau Brasileiro comemorativo do “Dia da Raça Negra” em 20/11/2018.

– N E G R O S –

Deus criou os homens racionais...
Com alma e sentimentos incolores!...
Nas raças todas as raízes são iguais:
Racismo nasce da escravatura e seus horrores!...
O sangue que nos dá vida é todo igual...
As lágrimas que choramos igual também,
Pode a cor da pele ser desigual...
Não torna um ser perverso num ser de bem!...
As raízes da humanidade é Africana
As bases da nossa cultura nasceram lá!...
Se o estudo da ciência se não engana,
Foi a partir da raça negra que estamos cá!...
Brancos, pretos, amarelos ou vermelhos...
Homens bons e maus andam p´lo mundo...
Os séculos passados são os espelhos,
Para estudos e análises mais profundos!...

ANTÓNIO JOAQUIM ALVES CLÁUDIO
01º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Resultado do II Concurso Literário/Antologia Poética AIL/2020

É com grande satisfação que viemos por meio desde apresentar os finalistas de nosso II Concurso Literário/Antologia Poética AIL/2020. Desde já, agradecemos a participação de todos os inscritos ao mesmo que já contamos com vocês no próximo ano. 

Segue lista de classificação...


Em 2019 a Academia Independente de Letras (AIL) junto a Casa Literária Enoque Cardozo (CLEC) e Editorial Casa de Bonecas (ECB) apresentou “EPIFANIA”, uma seleção de obras poéticas que em seu livre arbítrio revelava em fragmentos a súbita sensação inspiracional do ser poeta em sua manifestação prática e epifanica. 
Para 2020 trouxemos “A VIRTUDE DA ESPERANÇA”, um livro que grava a identidade poética do escritor/autor brasileiro, assumindo em poesias as esperanças que inspiram as atividades do cotidiano humano contra o desânimo que dilata o coração, na expectativa de se ergue dentro de nós e a nossa frente, o sentido da vida e sua voraz arte do agora. 

A Antologia inclui os seguintes poetas: Rosineide dos Santos Silva Cardozo, Enoque F. Cardozo, Elio Moreira, Ana Rita Santos do Nascimento, Rosangela Bueno de Moraes (Rose Bueno), Márcio do Nascimento Castilo, Rosemary Chalfoun Bertolucci, Cristiano Santos Rocha, Jose Alfredo Evangelista, Edvânia Valério da Silva Cavalcante, Claudia Christina Martins Lundgren, Cláudia dos Santos Gomes, Tauã Lima Verdan Rangel, Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo (II Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal), Leandro Emanuel Pereira (III Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal), Feliciano Vilela Ramos, Jean Carlos de Andrade, Erdevaldo do Nascimento Oliveira, Leandro Vieira dos Santos, Carmo Bráz de Oliveira, José Rodrigues de Arruda, Aline Santos, Leonardo Rogério da Silva, Roberto Martins de Souza, Giordano Salustiano Batista, Maria de Jesus dos Santos (Marya Tutui), Francisca Lusia Serrão Ferreira (Carmulisse Ferreira), André Luis Machado Galvão, Andreia Caires Rodrigues, Luiz Carlos Cichini, Nelcilene de Souza Macena (Lena Macena), Ronilson de Sousa Lopes, Luiz Dionísio Pacheco Rosa, Leonardo Tibiriçá Corrêa, Domingos Fernando Bastos Vieira Junior, Marco Antonio de Alvarenga, Geremias Goulart, Adriana Luzia Marcelino, Wagner Gomes de Sousa, José Roberto Carvalho do Nascimento, Otávio Zanella, Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Kleyser Ribeiro, Eduardo Libório, Lucas Kainan Adler Plancke, Welder Elson Sant’ Ana de Souza, Deodato Eleuterio Rodrigues Neto, Josiê Silvestre de Morais da Silva, Hosane Henrique Lucas de Souza, Pedro Gabriel De Queiroz Carvalho Santos De Gusmão.

Obs.: Todas as poesias recebidas foram devidamente analisadas por nossa comissão julgadora e inseridas em nossa Antologia Poética, sendo elas publicadas em forma de livro, intitulado A VIRTUDE DA ESPERANÇA... Logo disponibilizaremos o livro para compra de todos aqueles que assim o desejar adquirir.