terça-feira, 22 de setembro de 2020

MEDO por Marvyn Castilho

– MEDO –

Ele anula o desejo,
Não permiti amar,
Amortalha o pensar,
E mortifica o crasso pejo.

No seu lúrido trino, a ecoar,
Gélido átimo de torpor,
Nas langues flores das horas, sem olor,
E na sanha inefável, no íntimo a inumar.

Pélago umbroso, álgido e cavo,
Haurir de um licor travo,
No obliterar de cada ensejo.

Eflúvios dos sonhos, a esmaecer,
Ingente nevrose a intumescer,
No atro e indelével medo, em lampejo.


MARVYN CASTILHO BRAVO
Cadeira n.67. LÚGUBRE.
Em XIII de abril de MMXX. E. V.
Dies Lunae.

DIREITOS HUMANOS: FUNDAMENTOS DA HONORABILIDADE DA PESSOA por DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

DIREITOS HUMANOS: FUNDAMENTOS DA HONORABILIDADE DA PESSOA: «O termo Direitos Humanos focaliza a nossa atenção nos indivíduos humanos e numa Dimensão chamada Direitos. Se os direitos nos são concedidos pelo Estado, então a reciprocidade tem de existir sob a forma de deveres, neste caso, seria mais correto, dizermos Deveres Humanos. Mas se os Direitos Humanos têm uma abrangência Universal, então o Estado Nacional deverá harmonizar-se com os demais Estados internacionais e cada um destes, conferirá àquele, a legitimidade necessária para proteger a eficácia dos Direitos Humanos, em toda a plenitude, de que resultará, a nível mundial, uma desejável situação de Paz e Progresso.» (BÁRTOLO, 2012)

Os Direitos Humanos, enquanto seleção universal de valores, são necessários, ainda que: existam diferenças culturais; que num determinado país se superiorizem alguns valores de natureza mais espiritual; enquanto noutros se dê maior atenção àqueles que defendem o bem-estar social, habitacional, educação, saúde, emprego, portanto, de âmbito material, mas essenciais para a vida.

A MISTURA QUE VENCEU por ANA MENDES

 A MISTURA QUE VENCEU


Sou filha do trigo e da foice

Feita de amor e de coice

Tenho linhas de cores no sangue vermelho,

Bandeira no peito de esperança,

Fazenda de cana e bravo gado.

Catana na roça e  copa de cachaça.

Sou melodia de pássaro e orvalho,

Natureza sem trilho nem fronteiras,

Corrente de rio que abraça as beiras,

Que rega montanhas, anharas ou floresta traiçoeira.

Pântano encantado, lago ou viveiro...

Fruta do chão, folha carnuda ou trepadeira.

Provoco desejo e paixão, por pecado ou solidão.

Nasci de semente pura e de saudade,

Beleza serena, sem vaidade.

Sou teia de aranha, garra que arranha suave,

Prendo o olhar, no balaço do teu querer.

Sou tudo aquilo que existe, sem saber como esquecer.

Que do pouco sobrou muito, da noite restou a luz,

Do sonho acordei a sorte, do amor nasci para a paz,

Da batalha sem armas das consciências, sobrou um mundo...

De sentimentos e laços que consigo trás.

Dos perdidos sem rumo, sem nobres ideais, profundos,

aconchego, amo, canto sem voz.

Sou dois, sou um, sou eu ,

Sou mulata, a mistura que venceu...

 

ANA MENDES.
04º Membro Correspondente AIL. Brasil/Suíça.