segunda-feira, 26 de agosto de 2019

À PROCURA DE SENTIDO de LEANDRO EMANUEL PEREIRA

A psicologia vem corroborando consecutivamente, o facto de uma das atividades que mais contribuem para o aumento do índice de felicidade é viajar. Algo aparentemente compreensível, na medida em que quando viajamos somos sobressaltados com a novidade, seja por conhecermos locais que nunca visitamos (ainda que visitemos os mesmos locais por várias vezes, pois como Heráclito defendia, “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio”) seja por podermos conhecer novas pessoas, cheiros e sabores. Usufruir destes momentos através de uma contemplação frugal é algo que nos pode provocar boas sensações. Existe, todavia uma tendência contemporânea, onde viajar se verifica como um ato compulsivo, onde com frequência as pessoas o fazem sem aproveitar o momento, uma vez que apesar de ainda não terem terminado uma viagem, já estão assoberbados pela ânsia da próxima, pois não podem deixar de inundar as suas redes sociais com as selfies ornamentadas de praias paradisíacas, não vão os respetivos status serem afetados por uma diminuição de “likes”.
Sofremos de um vazio existencial, onde nos autoflagelamos pelo simples facto de em vez de aproveitarmos o resultado das nossas escolhas, ficamos obcecados com o que eventualmente podemos ter perdido nas hipóteses declinadas. Será a diversidade sinónimo de felicidade?
A viagem suprema é a que temos que fazer ao nosso interior, aquela que muitas vezes adiamos por não querermos enfrentar os nossos fantasmas, mas enquanto não os domarmos seremos nós as suas marionetas.

– À PROCURA DE SENTIDO –

O puzzle que não encaixa;
Por mais viagens que coleciones;
O vazio não rechaça;
Por mais fotografias que seleciones…

Será a viagem ao teu interior;
A mais difícil e reveladora;
Enquanto não deres sentido à tua dor;
Figurará como tua tutora…

Os teus sonhos só farão sentido;
No momento em que estiverem em sintonia;
Com a verdade a que foste nascido;
Indaga pela vertigem da tua própria sinfonia…

Paradoxal esta misantropia patológica;
Se choras no teu retiro implorando afetos;
Porque com audiência intumesces o teu ego?
Tentando fazer crer que não necessitas de afagos…

A noção de finitude;
Deveria ser o mote;
Para o fomento de afetos amiúde;
Talvez tivesses melhor sorte…

A perecibilidade;
Adorna a marca da tua amplitude;
Transforma a miserabilidade;
Na luz da sagacidade...

LEANDRO EMANUEL PEREIRA.
03º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

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