A
psicologia vem corroborando consecutivamente, o facto de uma das atividades que
mais contribuem para o aumento do índice de felicidade é viajar. Algo
aparentemente compreensível, na medida em que quando viajamos somos
sobressaltados com a novidade, seja por conhecermos locais que nunca visitamos
(ainda que visitemos os mesmos locais por várias vezes, pois como Heráclito
defendia, “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio”) seja por podermos
conhecer novas pessoas, cheiros e sabores. Usufruir destes momentos através de
uma contemplação frugal é algo que nos pode provocar boas sensações. Existe,
todavia uma tendência contemporânea, onde viajar se verifica como um ato
compulsivo, onde com frequência as pessoas o fazem sem aproveitar o momento,
uma vez que apesar de ainda não terem terminado uma viagem, já estão
assoberbados pela ânsia da próxima, pois não podem deixar de inundar as suas
redes sociais com as selfies ornamentadas de praias paradisíacas, não vão os
respetivos status serem afetados por uma diminuição de “likes”.
Sofremos
de um vazio existencial, onde nos autoflagelamos pelo simples facto de em vez
de aproveitarmos o resultado das nossas escolhas, ficamos obcecados com o que eventualmente
podemos ter perdido nas hipóteses declinadas. Será a diversidade sinónimo de
felicidade?
A
viagem suprema é a que temos que fazer ao nosso interior, aquela que muitas
vezes adiamos por não querermos enfrentar os nossos fantasmas, mas enquanto não
os domarmos seremos nós as suas marionetas.
– À
PROCURA DE SENTIDO –
O puzzle que
não encaixa;
Por mais
viagens que coleciones;
O vazio não
rechaça;
Por mais
fotografias que seleciones…
Será a viagem
ao teu interior;
A mais
difícil e reveladora;
Enquanto não
deres sentido à tua dor;
Figurará como
tua tutora…
Os teus
sonhos só farão sentido;
No momento em
que estiverem em sintonia;
Com a verdade
a que foste nascido;
Indaga pela
vertigem da tua própria sinfonia…
Paradoxal
esta misantropia patológica;
Se choras no
teu retiro implorando afetos;
Porque com
audiência intumesces o teu ego?
Tentando
fazer crer que não necessitas de afagos…
A noção de finitude;
Deveria ser o
mote;
Para o
fomento de afetos amiúde;
Talvez
tivesses melhor sorte…
A
perecibilidade;
Adorna a
marca da tua amplitude;
Transforma a
miserabilidade;
Na luz da
sagacidade...
LEANDRO EMANUEL PEREIRA.
03º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.
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