Escreveu um dia
Luís Vaz de Camões, do alto da sua clarividência, "mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades". Tanta assertividade e vislumbre numa expressão tão
lacónica. Vejamos que hoje estamos extremamente assustados, com as sucessivas
metamorfoses que a sociedade sofre. Serão as novas realidades sociológicas
desprovidas da bússola moral que promove os valores de fraternidade;
solidariedade; compaixão; etc? Ou por virtude do intenso encantamento
tecnológico que nos assoberba de forma crescente sobretudo nos últimos
cinquentas anos, alteramos forçosamente a forma de pensar e sentir? Talvez
uma forma simples de avaliar as questões supramencionadas será colocando outras
questões pragmáticas com potencial revelador. O índice de felicidade das
pessoas tem aumentado à medida que o avanço tecnológico avança? A diversidade
na escolha é sinónimo de felicidade, ou causadora de inquietação? Porque as
pessoas hoje ao invés de usufruírem dos momentos que se apresentam,
preocupam-se com maior veemência em registar os mesmos, sobretudo para mostrar
a terceiros nas redes sociais que a respetiva vida é plena de propósito, quando
na verdade este comportamento denuncia um pungente vazio existencial?
– ÍNCLITA ESTOICIDADE –
A quem queremos
enganar?
A nós próprios?
Tantas selfies
para registar;
O vazio que
espelha os nossos escombros...
Com sorte a
memória da nossa existência;
Perdurará até
aos nossos netos;
Augurávamos que
o tal Deus nos oferecesse especial clemência?
Mas como, se
fomos nós que o criamos?
Só podemos
viver;
Se aceitarmos
que nascemos para morrer;
Uma estoicidade
urgente a prover;
No intuito da
humanidade fortalecer...
Se cultivas o
corpo;
Mas não
instruis a mente;
Desarmonizas o
endosso;
Do acervo
senciente...
A escolha do
caminho sapiente;
Traz dor em sua
génese;
Conquanto
permite o vislumbre da verdade;
A volúpia
enaltece...
Somos livres no
entanto;
Para sermos
prisioneiros;
Se negarmos o
pensamento;
Da
própria vida não seremos marinheiros...
LEANDRO EMANUEL PEREIRA.
03º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.
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