segunda-feira, 30 de março de 2020

QUANDO UM HOMEM CHORA de DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

QUANDO UM HOMEM CHORA: O título da reflexão presta-se, perfeitamente, a uma pergunta que se pode colocar a qualquer pessoa. Analisada a epígrafe, sem mais pontuação, pode conduzir a várias interpretações, algumas das quais, a que se pretende ligar a uma fraqueza do género masculino, segundo a qual: “Chorar é próprio das mulheres”. Várias são as circunstâncias que, tal como na mulher, também levam um homem a chorar. 
Se se der por adquirido, que as mulheres choram mais facilmente do que os homens, isso significaria que elas são mais sensíveis, mais sentimentais e mais vulneráveis? Neste caso as mulheres quando choram, constituem a regra e os homens a exceção? 
É verdade que se ouvem muitos homens a dizer que não choram, que por isso mesmo são fortes, que não são piegas, que não se comovem facilmente. Será que tais homens não têm sentimentos, (se bem que o não chorar não significa, necessariamente, falta de sentimentos), mesmo em situações-limite, ou é apenas uma “capa” de pseudovirilidade? 
Pensa-se que, cada vez menos, o homem não deve ser exceção, mas, pelo contrário, integrando a regra. De resto, aceito, sem quaisquer complexos, que chorar pode significar um forte sinal: de emoção, de sensibilidade, de alegria, de tristeza, em circunstâncias bem definidas. 
Naturalmente que pelo facto de um homem chorar, perante uma determinada situação da sua vida, ou em face de grandes acontecimentos, e outro não ter igual comportamento, isso não significará que um tem sentimentos e o outro é insensível. Cada pessoa reage de forma diferente, a acontecimentos idênticos. 
A sociedade preconceituosa ainda ridiculariza o homem que chora, pelo menos quando não conhece os motivos que o levam a chorar (praticamente, excetuam-se aqui a morte de um ente querido, a doença grave de um familiar ou de uma amigo, a perda de emprego, a indiferença de um amigo que se considerava leal ou atitudes que magoam e humilham, entre outras situações). 
Mas o homem também tem sido culpado quanto a alimentar tal preconceito, na medida em que ele foge à exposição pública do choro e, muitas vezes, chora às escondidas, em privado, porque tal comportamento lhe tem sido incutido por uma cultura machista, ou seja, “um homem que chora, é fraco” 
A inexistência de estudos científicos, sobre a fundamentação que explica as razões do homem chorar, para além das abordagens empíricas, deixa margem para diversas interpretações, umas favoráveis, no sentido de que ao homem se reconhece iguais razões para chorar, tal como à mulher; outras que apontam a mulher como mais vulnerável ao choro, desde logo pela sua constituição maternal. 
A dimensão sentimental, na mulher e no homem, não pode ser quantificável em função do género, de maior ou menor sensibilidade, respetivamente. Mulher e homem fazem parte de um todo que se conjuga em plenitude, que ambos sofrem e se alegram nas diversas situações da vida, aliás: «Ante as lágrimas de um homem, toda e qualquer mulher é mãe, aninhando no seu ventre aquele que, ao chorar, transforma-se em doce e indefeso menino.» (Autor Desconhecido) 
Considero que chorar é uma reação muito sentida, algo que nos atormenta ou nos alegra. Em qualquer das situações, é a expressão máxima de sentimentos, que ultrapassam, quase sempre, a racionalidade de uma sociedade facciosa, insensível, egoísta e materialista. Aceito a máxima, segundo a qual: “Razão sem sentimento poderá ser fria; sentimento sem razão, é cego.” 
Quem ridiculariza um homem que chora, pode revelar, desde logo, ser uma pessoa empedernida, autoconvencida de possuir valores exclusivos do seu próprio género (feminino ou masculino), e não universais, demonstrará ser uma criatura incapaz de compreender situações e problemas alheios, uma pessoa que, pretensiosamente, deseja enquadrar-se num determinado grupo que eu diria “pseudo-estóico” A família, a comunidade e o mundo, poderão dispensar pessoas com tais características. 
O homem que chora, que vive sentimentos próprios, e sente no espírito a dor, as emoções alheias, os problemas, que reconhece a sua incapacidade, momentânea, para os resolver, ou que depois de resolvidos se emociona e chora, demonstra que está no caminho certo, porque: «Poucas coisas são mais tristes, belas e comoventes que ver um homem chorar. Isso não quer dizer que o choro de uma mulher não seja importante; mas é comum. A mulher chora por grandes motivos, mas também porque quebrou a unha, porque o namorado mandou flores, porque o chefe está bravo, porque o mocinho venceu tudo e conseguiu ficar com a mocinha no final, porque, porque, porque. 
A mulher não necessita esconder emoções para ser respeitada e quando, por algum motivo, precisa engolir o choro, sente a boca salgada - as lágrimas escorrem pela garganta. O pranto de um homem revela que a emoção, implacável, rompeu as comportas do machismo e desce então em incontroláveis corredeiras. O homem chora quando se incendiou a casa, quando desempregado há meses, quando sai o gol na final - não importa qual rede balance. 
Chora quando nasce o filho. Quando morre o filho. Chora quando filho. 
Se o homem chora perante um amigo, o momento é solene e é segredo. Só os verdadeiros amigos podem contemplar a lágrima de um homem.» (CLEITON J., in: https://br.answers.yahoo.com/question/ index?qid=20090517112949AAFysZ2, 01.05.2019) 
Ao longo da vida, e com o decorrer desta, naquela idade mais experiente, mais prudente, e mais sábia, as emoções são mais fortes, porque olhando-se para trás, verifica-se que muitas situações ficaram por resolver, ou foram mal resolvidas e, perspetivando-se o futuro, conclui-se que o tempo disponível será cada vez menos. 
A angústia aperta, a emoção como que nos sufoca e o choro é inevitável. Na verdade, concordo que “só um homem verdadeiro poderá mostrar suas emoções. Não vejo nada de errado quando um homem chorar. Ele está mostrando seus sentimentos interiores.” 
Os caminhos da vida levam, muitas vezes, a situações verdadeiramente incontroláveis, onde as mais diversas e inacreditáveis condições surgem, sem que, num determinado período de tempo e espaço definido, seja possível encontrar uma solução. 
Aqui, os alegados “amigos” não comparecem, mas os verdadeiros, aqueles que sentem por nós um sincero “Amor-de-Amigo” são os que, realmente, nos ajudam, com o que têm e o que não têm. Com estes amigos, sejam homens ou mulheres. Se é certo que chorar faz bem, enquanto alívio para as mágoas, não é menos verdade que o homem, enquanto pessoa, dotada de sentimentos, igualmente, e tal como na mulher se entristece, sente bem fundo na sua consciência, alma ou espírito, as palavras, atitudes e os comportamentos que lhe são dirigidos e, tanto mais magoam, quanto maior é a amizade de quem as provoca. 
É verdade que em muitas circunstâncias o homem não chorará em público: umas vezes por vergonha; outras porque consegue reprimir o choro, todavia, quando a tristeza é bem profunda, quando a dor é muito intensa, ele acaba por manifestar essa dimensão, tão nobre, quanto outra igualmente sublime. 
Sim, porque: «Um homem que pode chorar, é um homem que não tem medo de saber o que sente. Um homem que pode chorar é um homem que pode se atrever a mostrar o que sente. Um homem que pode chorar sabe que os sentimentos vêm em tez mais clara e escura. Um homem que pode chorar é um homem que reconhece a sua própria vulnerabilidade.» (CHODRON, 2007). 
O homem não é mais forte nem mais fraco do que a mulher, apenas poderá reagir de forma diferente, seja em circunstâncias iguais, ou diversas. Considero muito digno que o homem chore quando não consegue reprimir certos sentimentos e os revela através do choro, e muito lindo quando nesta convulsão é assistido, consolado e fortalecido por uma mulher: seja esposa, amiga, colega. O contrário é igualmente maravilhoso. 
Portanto, quando um homem chora, ele está a revelar emoções e sentimentos bem profundos: sejam de gratidão, de amor, de amizade não correspondida, num contexto de “amor-de-amigo”, de ausência de carinho, de atenção, de indiferença e/ou afastamento do amigo, de atos que magoam e humilham, de preocupações que ainda não conseguiu superar, de incapacidade para resolver certos problemas, mas que, na verdade, até podem não constituir qualquer vergonha, bem pelo contrário. 
Quando um homem chora, algo de extraordinário estará a ocorrer na sua vida. O, aparentemente, simples facto de chorar, por si só, já constitui uma reação de grandeza, de nobreza de caráter, de humildade e, quantas vezes, de exposição sentimental. 
A vida sem sentimentos, sem emoções, sem amizades autênticas, solidárias e leais, sem cumplicidades, atitudes carinhosas, sem princípios e valores, enfim, sem as relações que simbolizam o verdadeiro e incondicional “amor-de-amigo”, provavelmente, não teria sentido. 
Uma vida vazia de sentimentos, excessivamente racional, materialista, calculista e indiferente à amizade, à lealdade, à gratidão, à humildade e à cumplicidade com o amigo, aos sucessos e fracassos do amigo, será, eventualmente, uma vida sofrida, isolada, não partilhada, insegura. 
Por isso, quando um homem chora é bom, porque também revela, justamente, a sua grandeza de alma, a sua dimensão humana, a sua entrega a uma causa, de alegria ou de tristeza, sente e vive no mais “fundo do seu coração” uma determinada situação, com a qual está solidário. 

Bibliografia: 
CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Trad. Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores. 
CLEITON J., (2007). Você se emociona mais ao ver um homem ou uma mulher chorar? in http://br.answers.yahoo.com/question/ index?qid=20090517112949AAFysZ2, Consultado em 11.06.2011) 
SALOMÉ, (2007) in, BÁRTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2011). Quando um Homem Chora, http://diamantinobartolo.blogspot.com 12.06.2011 (TA-154). 
THINKING, (2010). Vale mais um inimigo sábio que um amigo ignorante?, in: https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070418191907AAQT8RX consultado em 05.12.2010). 

Venade/Caminha – Portugal, 2020 
Com o protesto da minha perene GRATIDÃO 

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
02º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/
http://nalap.org/Directoria.aspx

TÍTULO NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR, condecorado com a “GRANDE CRUZ DA ORDEM INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR DO BRASIL, Pedro Álvares Cabral” pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística http://www.minhodigital.com/news/titulo-nobiliarquico-de 

COMENDADOR das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker – Brasil. (2017) http://directoriomundial.allimo.org/Rodrigues-de-B%C3%A1rtolo-Diamantino-Louren%C3%A7o/ 

DOCTOR HONORIS CAUSA EN LITERATURA” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos. https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1/posts/1229599530539123 

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