terça-feira, 30 de julho de 2019

“AMOR-DE-AMIGO” NOS VÍNCULOS HUMANOS FELIZES de DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

“Amor-de-amigo” nos Vínculos Humanos Felizes: Sendo consabido que o ser humano é cada vez mais dependente das relações que estabelece com os seus congéneres, então importa aprofundar os respetivos conhecimentos das diferentes áreas onde o relacionamento se desenvolve entre pessoas.
E se a comunicação interpessoal é o meio privilegiado para o desenvolvimento das relações, a partir de uma educação e formação ao mais alto nível, também é verdade que sentimentos de amizade e de “Amor-de-Amigo” facilitam, ainda mais, as relações entre as pessoas que os possuem e vivem.
Provar o contrário, é relativamente fácil, isto é, o que se verifica é que sentimentos como: o ódio, a vingança, o desprezo, entre muitos outros, sempre conduzem a situações conflituosas, com consequências imprevisíveis e, quantas vezes, irreparáveis. O mesmo acontece entre povos e nações, quando após os conflitos armados se reconhece a necessidade do diálogo, dos valores da tolerância, da solidariedade e até do perdão.
Apesar da evolução da humanidade e de se considerar que ao longo da história do homem sempre houve conflitos, atualmente não se justificaria a existência, não só no mundo, mas também entre as pessoas, de imensas divergências fratricidas, que conduzem à negação dos autênticos valores e sentimentos que deveriam estar presentes em todos os momentos da vida de cada pessoa.

Pelo contrário: 

«Não devemos tentar avaliar os problemas em termos estritamente individuais, pessoais ou privados, se queremos que a sociedade evolua e que se resolvam os problemas gerais.»


(ANGERS, 2003:35).

A felicidade em geral, e de cada pessoa em particular, passa, portanto, pela resolução dos problemas que sempre vão surgindo, pelo menos enquanto não se chegar a um estádio de desenvolvimento, ao nível das ciências sociais e humanas, que sensibilize a todos para os valores da comunicação transparente e para os sentimentos especiais, particularmente entre amigos, e da amizade global. 
O sucesso das pessoas, das organizações, dos povos e do mundo passa, também, pelo maior ou menor grau de maturidade de cada indivíduo, o que se adquire com a experiência, mas também com o estudo, com o trabalho e a educação, porque:

«O sucesso está subordinado à felicidade e, a felicidade está muito mais próxima da sabedoria do que da inteligência. As melhores coisas da vida brotam de fontes tão pequenas que, muitas vezes, passam ao lado delas, sem percebê-las.»


(PIRES, 1999:122).

Individualmente considerado, muito dificilmente alguém vai adquirir o sucesso, ou a felicidade, totais, porque será sempre necessário, pelo menos, mais um parceiro. Se o sucesso a atingir for pela via da amizade, é fundamental o relacionamento com alguém; se o caminho a seguir for o das relações humanas, igualmente é necessário estabelecer a comunicação com os seus semelhantes.
O percurso, eventualmente melhor, salvo outras teses, poderá ser através da amizade para o desenvolvimento das relações humanas felizes. Que melhor sucesso se poderá exigir da vida do que aquele que é obtido por valores, sentimentos, emoções, e resultados, neste caso, os que são proporcionados pela felicidade?
O conceito de “Amor-de-Amigo” não está muito divulgado, e quando se aborda, precisamente no âmbito da amizade, é logo conotado com um outro amor que conduzirá, no limite, ao instinto e prazeres sexuais.
Ora, não é este o significado que aqui se pretende defender para o “Amor-de-Amigo”, bem pelo contrário, deseja-se evidenciar aquele amor sincero, que entre amigos favorece a solidariedade, a amizade, a lealdade, a cumplicidade, a intimidade, a coesão, a tolerância, a compreensão, a crítica construtiva, a proteção física e intelectual, enfim, se necessário, o perdão.
Será um amor que não está acessível a uma qualquer amizade oportunista, casuística e interesseira. Não é um amor que apenas dura enquanto existe visualização e algum contacto profissional, social ou de outra natureza. Por isso é que o “Amor-de-Amigo” é, muitas vezes, confundido com o amor dos cônjuges ou até de simples namorados.
Conforme se aceita o amor de irmãos, de pais, de filhos, dos diversos familiares, entre outros, de igual forma o “Amor-de-Amigo” deve entrar nos sentimentos e emoções mais profundos e consolidados, a partir da amizade sincera, verdadeira e inquestionável, que também ela poderá facilitar um novo caminho para o sucesso e para a felicidade.
Mas é verdade que, por vezes, as pessoas se dizem amigas porque se conhecem desde os tempos da escola, da tropa, do trabalho ou até das diversões. Essa amizade vai-se consolidando ao ponto de tais amigos já não quererem conviver com outras pessoas, ou, pelo menos apreciar mais o convívio com os tais amigos, não prescindindo da sua companhia, estando ao lado deles quando necessitam. Neste caso e sem o saberem, poderá existir aqui alguma semelhança com o “Amor-de-Amigo” ou caminhar-se nesse sentido.
Evidentemente que o relacionamento humano, entre estes amigos, terá, forçosamente, de ser bom e, entre eles, neste âmbito, será, certamente amigável. O equilibro da sociedade resultará, portanto, das relações, naturalmente boas, dos grupos de amigos que a constituem e que formam as comunidades e empresas.
O verdadeiro “Amor-de-Amigo” deve ser cultivado como um sentimento profundo, muito especial, sem reservas, obviamente traduzido nos atos compatíveis com ele. Os verdadeiros amigos que se sentem inundados por este “Amor-de-Amigo” devem respeitar-se, dentro dos limites que, reciprocamente, se impõem, sem prejuízo dos gestos e atitudes carinhosas, reveladores de pessoas com bons sentimentos, educação, respeito e sem quaisquer outras intenções inconfessáveis.
A amizade traduzida e levada às respetivas manifestações do “Amor-de-Amigo” implica, inclusivamente, passar por uma necessidade de maior proximidade, acompanhamento, atenção, carinho e consideração especiais em relação aos amigos ditos de ocasião. Se em cada duas pessoas houvesse este verdadeiro “Amor-de-Amigo”, o mundo estaria bem melhor, e a felicidade seria possível.
Acredita-se que será difícil, por vezes, confiar em certas pessoas e, provavelmente, impraticável em relação a muitas outras. É possível compreender que, em muitas situações, um homem, ou uma mulher, se possam relacionar muito bem, mesmo tendo em conta uma certa sociedade preconceituosa ou até maledicente.
 O verdadeiro “Amor-de-Amigo” dever ser superior a tudo isso. As pessoas devem, livremente, escolher os seus amigos, sem emboscadas, nem imposições, nem hipocrisias. Quando tal “Amor-de-Amigo” existe, com sinceridade e sentimentos nobres, a entrega deve ser total e recíproca, e não uma rendição provocada por instintos animalescos. Uma dádiva comungada, simultaneamente, pelos amigos, mas regulada por valores que resultam dos sentimentos e da racionalidade.
O ser humano não é apenas racional ou sentimental. Terá as duas dimensões, que devem ser cultivadas, porque: razão sem sentimentos pode ser injusta; e sentimentos sem a razão pode conduzir à cegueira.
Também aqui, este “Amor-de-Amigo”, que será equilibrado, porque racional e sentimental, é importante no bom relacionamento e na consolidação da felicidade, esta considerada como um ideal sonhado e um objetivo alcançado entre amigos verdadeiros, um estado de espírito tranquilo e carinhoso.
Os verdadeiros amigos, que sentem esse amor, diferente de todos os outros, que estará num nível, eventualmente, abaixo ao do amor dos cônjuges, deve ser alimentado, reciprocamente, pelos dois amigos, porque: 


«Alguém precisa de nos encorajar a não pormos de lado aquilo que sentimos, a não termos medo do amor e do sofrimento que ele gera em nós, a não termos medo da dor. Alguém precisa de nos encorajar para o facto de esse ponto macio em nós poder ser desperto e, ao fazermos isso, estaremos a alterar as nossas vidas.»
(CHODRON, 2007:117).


Quantas pessoas se dizem: não terem sentimentos ou não serem sentimentais; não apreciarem uma “saudação” especial de “Amor-de-Amigo”; pretenderem ser apenas racionais; não acreditarem, inclusivamente em valores supremos e entidades divinas.
É bem provável que tais pessoas sofram imenso, que, mesmo não aceitando, talvez, aparentemente, necessitem de uma palavra amiga, um ombro onde possam descansar a cabeça que sofre, por que não, de um beijo especial de amigo, com carinho e respeito.
Pensa-se que a atitude mais sincera e eloquente da pessoa racional e, simultaneamente, sentimental, perante um destes amigos é estar sempre ao seu lado, nas horas boas e nos momentos menos bons, acariciar, confortar e nunca o abandonar.
É, igualmente, despertar o amigo para esta dimensão sentimental que está dentro dele, mas que ele não quer admitir. É trocar opiniões, sugestões, experiências. É ensinar e aprender aquilo que eles pensam não saber e que podem consolidar, ainda mais, o “Amor-de-Amigo”.
Quem sabe se no falhanço de um matrimónio, este “Amor-de-Amigo” não poderá constituir o lenitivo para a dor e sofrimento, numa primeira fase e a solução numa etapa posterior, daí a importância que se pode dar a este “Amor-de-Amigo”. Também, por isso mesmo, é tão importante nunca trair aquela pessoa que sente por outra o verdadeiro “Amor-de-Amigo”.
A felicidade dos verdadeiros amigos, a possibilidade de despertarem os sentimentos que estavam adormecidos, são aspetos a ter-se em conta, porque as relações humanas felizes passam também por este “Amor-de-Amigo”.
Os amigos que cultivam, sincera e sentimentalmente este amor tão sublime, devem, portanto, alimentá-lo, procurando, ao longo da vida, todos os momentos, todas as oportunidades para o vivenciarem, com carinho, com valores, com sentimento, com emoção, por que não, com uma ingenuidade de pré-adolescente, no sentido, se essa for a vontade de um deles e/ou dos dois, de não ultrapassar a linha de separação entre a sexualidade e a amizade do “Amor-de-Amigo”.
Em todo o caso, sempre vai ser necessária uma grande adaptação, porém, com muito empenho e entusiasmo, sem esforço imposto, mas com amor recíproco:


«A relação de Amizade é uma grande manifestação do Amor humano. O Amor de Amigos é Amigável, puro e sem hipocrisia. A pessoa escolhe livremente gostar dessa pessoa, amar essa pessoa, a que chama AMIGO. A pessoa não está ligada à outra pelo instinto! É uma simpatia pela pessoa. Amizade pode existir entre homem e mulher, entre homem e homem, entre mulher e mulher. Neste Amor de Amizade não há! Não existe atracão sexual. (…). A verdadeira Amizade ou seja Amor de Amigos, traz muita alegria, a pessoa Ama e dá sem esperar nada em troca. Não Ama o Amigo pelo que ele fez ou faz! Ama independentemente da ajuda, de qualquer coisa que a pessoa Amiga faça. Nós Amamos os nossos Amigos queremos estar perto deles. Desejamos o melhor para eles. Desculpamos os erros. Temos bons pensamentos, boas palavras, bons sentimentos, bons desejos para os nossos Amigos. Desejamos tudo de bom para os nossos Amigos. Somos sinceros! Puros! Amáveis! Honestos! Leais! Verdadeiros! Com os nossos Amigos. Esta é a verdadeira relação de Amizade. Gostamos dos nossos Amigos.» 
(ROBERTSON, 2007 in: http://www.google.pt/search?hl=pt)


Numa análise mais simples, o “Amor-de-Amigo” é uma dimensão profunda nas relações de amizade imensa, entre duas pessoas, que ainda está pouco explorada, mas que poderá ser uma boa via para a felicidade dessas mesmas pessoas em particular, e do mundo em geral.
Este “Amor-de-Amigo”, entre duas pessoas, poderá ser vivido como “Uma Aventura Mágica”, como um pequenino segredo entre elas, fechado a “sete chaves”, levado por cada uma para o “túmulo”, mas durante a vida, sempre enriquecido pela magia desse mesmo “Amor-de-Amigo”.
Esta atitude, entre aqueles que sentem um verdadeiro “Amor-de-Amigo”, só é assim mantida, precisamente porque este amor, de verdadeiros e sinceros amigos, ainda não está bem difundido na sociedade, porque os preconceitos são um obstáculo para que tal “Amor-de-Amigo” seja livre e publicamente manifestado.
Ainda haverá um longo caminho a percorrer para que o “Amor-de-Amigo” seja uma realidade, entre duas pessoas que se gostam imenso, num contexto da amizade mais profunda e sincera, dentro dos limites que tal amizade lhes impõe.


BIBLIOGRAFIA
ANGERS, Maurice, (2003). A Sociologia e o Conhecimento de Si. Uma outra maneira de nos conhecermos graças à Sociologia. Tradução, Maria Carvalho. Lisboa: Instituo Piaget 

CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Tradução, Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores. 

PIRES, Wanderley Ribeiro, (1999). Dos Reflexos à Reflexão. A Grande Transformação no Relacionamento Humano, Campinas: Editora Komedi. 

ROBERTSON, Maria, (2007). Amor de Amigos. (Disponível em http://blogamor.blogs.sapo.pt/30407.html, consultado em 21.08.2011)

Venade/Caminha – Portugal, 2019

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
02º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.


Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/
http://nalap.org/Directoria.aspx

TÍTULO NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR, condecorado com a “GRANDE CRUZ DA ORDEM INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR DO BRASIL, Pedro Álvares Cabral” pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística http://www.minhodigital.com/news/titulo-nobiliarquico-de 

COMENDADOR das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker – Brasil. (2017) http://directoriomundial.allimo.org/Rodrigues-de-B%C3%A1rtolo-Diamantino-Louren%C3%A7o/ 

DOCTOR HONORIS CAUSA EN LITERATURA” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos. https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1/posts/1229599530539123 

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