terça-feira, 22 de setembro de 2020

A MISTURA QUE VENCEU por ANA MENDES

 A MISTURA QUE VENCEU


Sou filha do trigo e da foice

Feita de amor e de coice

Tenho linhas de cores no sangue vermelho,

Bandeira no peito de esperança,

Fazenda de cana e bravo gado.

Catana na roça e  copa de cachaça.

Sou melodia de pássaro e orvalho,

Natureza sem trilho nem fronteiras,

Corrente de rio que abraça as beiras,

Que rega montanhas, anharas ou floresta traiçoeira.

Pântano encantado, lago ou viveiro...

Fruta do chão, folha carnuda ou trepadeira.

Provoco desejo e paixão, por pecado ou solidão.

Nasci de semente pura e de saudade,

Beleza serena, sem vaidade.

Sou teia de aranha, garra que arranha suave,

Prendo o olhar, no balaço do teu querer.

Sou tudo aquilo que existe, sem saber como esquecer.

Que do pouco sobrou muito, da noite restou a luz,

Do sonho acordei a sorte, do amor nasci para a paz,

Da batalha sem armas das consciências, sobrou um mundo...

De sentimentos e laços que consigo trás.

Dos perdidos sem rumo, sem nobres ideais, profundos,

aconchego, amo, canto sem voz.

Sou dois, sou um, sou eu ,

Sou mulata, a mistura que venceu...

 

ANA MENDES.
04º Membro Correspondente AIL. Brasil/Suíça.

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