terça-feira, 24 de setembro de 2019

ESPERANÇA NA COLABORAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS de DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

ESPERANÇA NA COLABORAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: A capacidade do ser humano para o bem e para o mal é inesgotável. Atualmente atravessam-se tempos extremamente difíceis. As incertezas são muitas. As soluções defendidas pelas diversas teorias não param de se desenvolver e, entretanto, vai-se caminhando para um certo abismo económico-social e bélico. Este primeiro quarto do novo século notabiliza-se por uma crescente desigualdade entre as pessoas. 
Próximos do final da secunda década do século XXI, governantes e políticos discutem as suas teses, chegando-se ao limite do absurdo que consiste em retirar direitos adquiridos, alguns dos quais conseguidos em regimes ditatoriais. Parece um pesadelo, mas de facto, e infelizmente, é a realidade que bate à porte de todos, mas que faz sofrer de forma atroz os mais carenciados. O ano de 2013 já permanece na história como sendo aquele em que os pobres ficaram paupérrimos, e os ricos continuam com o melhor que a vida sempre lhes proporcionou.
Ao longo dos ciclos governativos, a alternância do poder, num regime democrático, é uma característica que cria novas expectativas, na medida em que várias e aliciantes são as promessas feitas por aqueles que pretendem chegar ao Poder.
Será uma situação para se concordar, ou não, segundo a qual: «(…) não tome nada por adquirido e não acredite em tudo o que lhe dizem. (…). Reconheça a impermanência, o sofrimento e a ausência de ego ao nível do quotidiano e seja inquisitivo a respeito das suas reacções. Descubra por si mesmo a paz e se é ou não verdade que a nossa situação fundamental é alegre.» (CHODROM, 2007:87).
A vida difícil que tem atingido a classe mais desfavorecida não permite, de facto, acreditar naqueles que criaram expectativas, que venderam ilusões e que agora são os primeiros a levantar a espada da injustiça.
É claro que não se pode atribuir, em absoluto, culpas a um só e determinado sistema governativo, e muito menos a uma pessoa. É toda uma conjuntura mundial que afeta as populações, mas também é verdade que tal conjuntura se poderá ficar a dever a grandes grupos económico-financeiros, através da agiotagem e da especulação.
É verdade que se derrubam regimes ditatoriais, porque não cumprem, minimamente, os direitos humanos, fazem-se opções a favor ou contra determinadas situações políticas, grupos pacifistas e terroristas. Tomam-se medidas para combater a transação de determinados produtos como a droga, armas, corpos humanos, etc.
Há que fazer muito mais, no sentido de identificar e punir todos aqueles que criam crises mundiais, que, fraudulentamente, enviam para o desemprego milhões de trabalhadores em todo o mundo. Esta é uma verdadeira guerra que rapidamente urge ganhar sob pena de uma explosão social.
Compreender as razões que levaram pessoas e grupos a determinadas atitudes, por vezes é difícil se, como se sabe, a existência humana é muito curta, não chega, sequer, para se desfrutar de tudo o que se acumulou, com a agravante de que os potenciais herdeiros, poderão não valorizar, verdadeiramente, o que foi angariado e, pior ainda, quando tais impérios patrimoniais foram adquiridos por vias ilegais, ilegítimas e injustas, à conta da exploração das pessoas. São absurdos, e, como tal, não têm explicação compatível com a dignidade humana.
O mundo, aqui representado na sua população, não é igual para todos porque, infelizmente, a capacidade do ser humano tem-se orientado para o mal, designadamente nas suas dimensões sociais e culturais, sim, porque também se trata de uma cultura de apoio aos mais desfavorecidos, de uma cultura de redistribuição das riquezas naturais e produzidas, de uma cultura de solidariedade.
A cultura que envolve valores sociais não está verdadeiramente nítida nos Estados e nos Governos. Fala-se, apenas, em Estado Social, mas é, justamente, nos benefícios sociais que mais se corta quando é preciso reduzir despesas. Não existe, nitidamente, uma preocupação social, precisamente, porque é uma classe sem força, aquela que mais precisa de tais benefícios. São os mais fracos a suportarem as injustiças.
Apesar de tantas e tão difíceis situações que atormentam a humanidade, sempre haverá uma janela, ainda que entreaberta, para a esperança, em melhores tempos, porque é necessário acreditar na capacidade de resolução, na boa-vontade e determinação dos governantes, das novas gerações para, humildemente, assumirem os erros atuais e resolverem as situações sociais mais deprimentes.
Acredita-se nas potencialidades dos jovens e também não se descura algum receio na tomada de certas decisões. Dir-se-ia que esperança e receio podem andar de mãos dadas, porque o futuro é sempre incerto em quaisquer circunstâncias.
Na verdade: «A raça humana é extremamente previsível. Um pequeno pensamento surge, entra numa escalada e, sem que tenhamos a noção do que nos atingiu, vemo-nos apanhados pela esperança e pelo medo.» (Ibid.70).
A situação mundial já era no final da primeira década (2010) deste novo século) muito complexa, repleta de incertezas, de medos quanto ao futuro: como vai evoluir o emprego/desemprego? Como vão sobreviver os reformados com pensões exíguas? Haverá dinheiro para, não só aumentar, como também pagar tais pensões? E a saúde, com a necessária assistência médica e medicamentosa, que caminho irá tomar? A educação e formação profissional manter-se-ão com objetivos de melhorar a escolaridade e o profissionalismo da população? Enfim, é todo um conjunto de questões que atormentam os cidadãos, que se preocupam com o futuro.
Ao ser humano, enquanto pessoa de deveres e direitos, não se lhe pode exigir, quase permanentemente, que cumpra deveres, principalmente fiscais, não se lhe oferecendo nada em troca, nem sequer a garantia de um futuro tranquilo, uma qualidade de vida que lhe é devida, depois de um longo período de contribuições, porque é no fim da linha da vida que mais precisa de apoio em todos os aspetos.
Começou-se a verificar que, incompreensivelmente, estava a acontecer o contrário em 2010-2011 e, comprova-se agora, que a situação para as maiorias mais carenciadas, pouco melhorou. Os governantes devem ter uma consciência social, mais do que uma preocupação com um qualquer deficit orçamental, com metas, com mercados. As pessoas não são números e estão primeiro.
As crises não se vencem contra as pessoas, muito menos contra aqueles que se encontram mais vulneráveis, em situações-limite, de quase sobrevivência vegetativa. As crises vencem-se com a solidariedade de quem tem poderes decisórios, meios e vontade de ajudar. As crises vencem-se com austeridade, sobriedade e responsabilidade social, abdicando de privilégios que a esmagadora maioria da população não tem. Por isso se acredita nos jovens, na sua generosidade e na ausência de vícios egoístas e materialistas.
Importa, nesta reflexão, destacar-se a esperança que as novas gerações podem trazer à resolução dos problemas que atingem o mundo. Com efeito, a fatura que eles têm de pagar, por culpa dos erros cometidos pelos seus antepassados, será suficiente para não prosseguirem idênticas práticas. Além da sua própria formação que, indiscutivelmente, será bem melhor, desde logo em vários domínios culturais, técnicos, científicos, axiológicos e profissionais.
A participação dos jovens, integrados em equipas de colegas maduros e experientes, todos dotados de valores essenciais à dignidade humana, pode ser a chave para o sucesso na resolução das crises que, periodicamente, atingem populações inteiras. Não se deve recear a inovação dos jovens como estes não devem depreciar a sabedoria dos mais velhos. É necessário escolher os melhores, aqueles que, de facto, se preocupam com o bem-comum.
Certamente que os mais velhos têm sempre uma palavra neste processo de saída das crises como devem ter no relacionamento com os mais jovens. Na verdade: «O ser social tradicional respeita naturalmente os mais velhos e aspira a conformar-se com as maneiras de ser e de agir transmitidas pelas gerações. Não se esforça de modo algum por ser singular. Tem a impressão de fazer parte de um corpo social do qual não poderá afastar-se sem perder a razão de ser. A noção de pessoa, tal como a entendemos hoje em dia, não faz parte do seu universo.» (ANGERS, 2003:68).
Cabe, portanto, aos jovens esta humildade de saber escutar os mais velhos e estes têm a obrigação de compreenderem as dificuldades daqueles, sem se imporem com sabedorias, experiências e maturidades que, nem sempre, correspondem à verdade. Humildade de ambas as partes é a chave do sucesso.

BIBLIOGRAFIA 
ANGERS, Maurice, (2003). A Sociologia e o Conhecimento de Si. Uma outra maneira de nos conhecermos graças à Sociologia. Tradução, Maria Carvalho.


CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Trad. Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores.


DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
02º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

Verônica Franco de MARVYN CASTILHO BRAVO

– VERÔNICA FRANCO –

“A mulher não existe.”
Ecoa Lacan em uma fala...
A fêmea no jazer algente,
No feminicídio que se propala.

A mulher está no erro,
Da palavra a ensejar,
No desejo do Outro,
E no estrupo no íntimo a inumar.

Está em Maria, Kali, Isís,
Verônica Franco e na poesia da sua íris,
No cavo do útero nenhures.

Na silente lágrima amortalhada,
No cenho da marafona na noite desvelada,
E no debalde horizonte algures.

MARVYN CASTILHO BRAVO
Cadeira n.67. LÚGUBRE
Em IX de agosto de MMXVIII. E. V.
Dies mercurii

domingo, 1 de setembro de 2019

CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE NOSSO PATRONO JEAN DE SALISBURY

João de Salisbury (Old Sarum, Salisbúria, Inglaterra, c. 1115-1120 — Chartres, França, 25 de Outubro de 1180) foi um dos mais brilhantes pensadores do seu tempo. Ao longo da sua vida desempenhou importantes cargos no seio da Igreja Católica. Foi também autor de importante pensamento político, registado em obras como “Policraticus” e “Metalogicon”, assim como teorizador do ensino.
Nascido num contexto modesto, do qual pouco se conhece, inicia os seus estudos em Salisbury. No ano de 1136, parte para França, onde estudou e contactou com algumas das principais personalidades do seu tempo. Entre outros, Pedro Abelardo e Guilherme de Conques. Em 1148, participa no Concílio de Reims, onde encontra-se com Bernardo de Claraval. No mesmo ano, regressa a Inglaterra, onde virá a desempenhar as funções de secretário dos arcebispos de Cantuária Teobaldo de Bec (1150-1161) e do seu sucessor Tomás Becket (1161-1170). Em 1163, caindo em desfavor do monarca Henrique II de Inglaterra, parte para França. Em 1176, torna-se bispo de Chartres, cargo que ocupará até ao final dos seus dias.

PRIMEIROS ANOS E EDUCAÇÃO
Estudou os primeiros anos em sua cidade natal, indo posteriormente para a Universidade de Paris (que na época se chamava École Cathédrale de Paris), onde teve aulas com Pedro Abelardo, continuando seus estudos de lógica sob a direção de Robert de Melun (1100-1167), e gramática orientado por Guillaume de Conches (1080-1150) em 1148.
            Seus vívidos relatos dos professores e alunos lhe forneceram os mais preciosos fundamentos dos seus primeiros dias na Universidade de Paris. Com o afastamento de Pedro Abelardo, João continuou os seus estudos com Alberico de Rheims (1085-1141). Ricardo L'Evêque († 1181), bispo de Avranches e discípulo de Bernardo de Chartres (1130-1160), também foi seu professor de gramática. Os ensinos de Bernardo se distinguiam particularmente pela sua pronunciada tendência platônica, e também pela importância dedicada aos maiores escritores latinos. A influência dos clássicos latinos é perceptível em todas as obras de Salisbury.
            Por volta de 1140 ele estava em Paris estudando teologia com Gilbert de la Porrée (1070-1154), depois com o teólogo e filósofo inglês Robertus Pullus (1080-1150) e finalmente assistiu aulas de teologia com Simon de Poissy (fl. 1125-1145). Em 1148 ele se hospedou na Abadia de Montier-la-Celle, na Diocese de Troyes, com seu amigo Pedro de La Celle (1115-1183). No mesmo ano participou do Concílio de Rheims, presidido pelo Papa Eugênio III, e provavelmente foi apresentado por Bernardo de Claraval (1090-1153) a Teobaldo de Bec (1090-1161), arcebispo de Cantuária, sob cujo patrocínio retornou para a Inglaterra por volta de 1153, tendo passado algum tempo em Roma como secretário do papa inglês Adriano IV, Nicholas Breakspear.

SECRETÁRIO DO ARCEBISPO DE CANTUÁRIA
Nomeado secretário de Teobaldo de Bec, era frequentemente enviado em missões para a sede papal. Durante essa época ele compôs suas maiores obras, publicadas quase certamente em 1159, o Policraticus, sive de nugis curialium et de vestigiis philosophorum e o Metalogicon, escritos inestimáveis como fontes de informações relativas ao tema e forma da educação escolástica, e notáveis pelos estilos apresentados e tendência humanística. A ideia de contemporâneos em pé nos ombros dos gigantes que se tinha na Antiguidade aparece pela primeira vez nesta obra. O “Policratus” também derrama luz sobre a decadência dos modos da corte do século XII e a frouxa ética da realeza. Depois da morte de Teobaldo, em 1161, João continuou como secretário de Tomás Becket (1118-1170), e tomou parte ativa nas longas disputas entre o primaz e seu soberano, Henrique II, que considerava João agente papal.
Suas cartas lançam luz sobre a luta constitucional que abalava a Inglaterra. Em companhia de Becket, retirou-se para a França durante o período de descontentamento do rei; retornou com ele em 1170, e estava em Cantuária na época do assassinato de Becket. Nos anos seguintes, durante os quais ele continuou influente na situação de Cantuária, mas com data imprecisa, ele escreveu A Vida de Becket.

BISPO DE CHARTRES
Em 1176, Salisbury se tornou bispo de Chartres, onde passou o resto da sua vida. Em 1179 ele participou ativamente do Terceiro Concílio de Latrão. Ele morreu em Chartres (ou perto dessa cidade) no dia 25 de Outubro de 1180.

ERUDIÇÃO E INFLUÊNCIAS
Os escritos de João de Salisbury são excelentes para esclarecer o estágio literário e científico da Europa Ocidental do século XII. Embora ele tivesse o domínio total da nova lógica e da retórica da arte do raciocínio adquirido na universidade, os pontos de vista de Salisbury apresentam uma inteligência cultivada e brilhantemente aquinhoada em assuntos práticos, opondo-se aos extremos tanto do nominalismo como do realismo considerando-os senso prático comum. A sua doutrina se constitui numa espécie de utilitarismo, com forte inclinação para o aspecto especulativo em relação ao cepticismo literário de Cícero, por quem ele tinha incontida admiração e em cujo estilo se espelhou para criar o seu próprio. A sua visão de que o objetivo da educação era moral, e não apenas intelectual, tornou-se uma das principais doutrinas educacionais da civilização ocidental, mas a sua influência será mais perceptível, não em seus contemporâneos imediatos, mas na visão de mundo do humanismo renascentista.
Dos escritores gregos, a princípio, parece não ter ele conhecido nada, e muito pouco nas traduções. O Timeu de Platão, em versão latina traduzida por Calcidius[3] chegou ao seu conhecimento e dos seus contemporâneos e predecessores, e é provável que ele tenha tido acesso às traduções de Fédon e Menon. De Aristóteles ele possuía todo o Organon em latim; ele é, na verdade, o primeiro dos escritores medievais de renome a conhecê-la inteiramente.
Foi, ao lado de Hugo de São Vitor, Anselmo de Cantuária e Pedro Abelardo, um dos grandes responsáveis pela transformação ocorrida no século XII com relação ao modo como se encarava o conhecimento e a filosofia ao fim da Idade Média.

OBRA
O essencial do seu pensamento encontra-se em Policraticus (1159), embora esta não esgote a sua produção intelectual. Composta ao longo de anos, encontra na política de Henrique II de Inglaterra a motivação para a terminar. Tece-a, como um aviso, procurando inspirar propósitos morais e transmitir ensinamentos éticos à política e sociedade de corte que acreditava estarem a subverter os fundamentos éticos e religiosos do reino. De forma geral, propõe uma ordem social que busque a coexistência pacífica dos poderes temporal e espiritual.

POLICRATICUS
Composto em oito livros, João de Salisbury concentra a sua reflexão política nos IV, V e VI livros. Estilisticamente, apresenta um carácter humanista, sobretudo pela convocação de fontes quer cristãs quer pagãs. Num contexto de centralização do poder das monarquias da Cristandade Ocidental, destacam-se as suas ideias de limitação do mesmo pela lei. A estas associa a metáfora orgânica do governo como um organismo vivo, na qual faz corresponder a cada parte do corpo humano os elementos da sociedade (pés-trabalhadores; mãos-combatentes; barriga-administração/fazenda; coração-conselho; cabeça-príncipe; alma-Igreja), procurando explicar a necessidade do correcto funcionamento de cada um para a harmonia do todo. Outra das questões fulcrais é o tiranicídio, enquanto ferramenta para o restabelecimento da ordem sempre que esta seja deturpada por responsabilidade do monarca.

CITAÇÕES DE JOÃO DE SALISBURY:
“Um rei iletrado é um jumento coroado”.
“Nós somos anões em pé sobre os ombros do gigantes”.

RESUMO DAS OBRAS
1.Opera omnia, editor J. A. Giles, Oxford 1848, in Patrologia Latina, 199 lire en ligne.
2.Policraticus (1156), editor K. S. Keats-Rohan, Turnhout, Brepols, 1993.
3.Metalogicon (v. 1175), editor J. B. Hall, 1991. Trad. an. D. D. McGarry, The Metagogicon, Berkeley, University of California Press, 1955.
4.Lettres, traduzido por W. J. Millor e outros, As cartas de João de Salisbury, Oxford, Clarendon Press, 1986, 2 t.


Placa da cidade de Chartres em homenagem a João de Salisbury.
(c. 1115-1180). Humanista, filósofo, bispo, diplomata e historiador inglês.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

R E C O R D A Ç Õ E S de ANTÓNIO JOAQUIM ALVES CLÁUDIO

RECORDAR! ...Diz um ditado popular que “...recordar é viver...”, talvez encerre algo de verdadeiro, porquanto ao recordar-mos factos ou acontecimentos, que nos deixaram “marcas” de alegria, dor, sofriento ou saudade, estamos a reviver momentos “arquivados” na nossa mente e ao relembrar-mos, sentimo-nos recuar no tempo.
            Claro, existem recordações mais ou menos agradáveis ou dolorosas, porém não as podemos nem devemos tentar ignorar e convencermo-nos do seu não acontecimento!
O meu poema de hoje, tenta englobar vários acontecimentos que deixaram “marcas” na minha existência, da mesma forma que podem “dizer” alguma coisa, aos leitores que queiram dedicar um pouco do seu tempo a ler este meu trabalho!

– POEMA DO NADA! –

Longe ...tão longe!
Quão perto tu estiveste ...mas partiste;
O Sol nesse dia não brilhou,
A escuridão surgiu ...mas não findou!

Longe ...tão longe!
Ficou todo um passado ...que não volta;
No vento das memórias ficaste tu...
Na alma ficou a dor cruel da revolta! 

Longe... tão longe!
Memória perdida no tempo do passado;
Negrume que decora o pensamento,
Surdos gemidos de alma ...um lamento!

Longe... tão longe!
Tempo voando nas asas dum corcel alado;
Que cai no infinito da eternidade sem fim,
Perdido num abismo cruel, mas belo onde vivi!

Longe... tão longe!
Partida sem retorno ao encontro do nada,
Viagem perdida no espaço incerto,
Sonho algo distante ...e que senti tão perto!

 ANTÓNIO JOAQUIM ALVES CLÁUDIO
01º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

REGISTRO GERAL DE MEMBROS DA AIL/2019 & EDITAL DE Nº002/2019/ALTO. CONVOCAÇÃO DE MEMBROS

A Casa Literária Enoque Cardozo (CLEC), junto a Academia Independente de Letras (AIL), através deste manifesto, tornar público seu quadro de Membros Titulares, Honorários e Correspondentes no ano de 2019 com a publicação oficial de sua listagem.

Sejam bem vindos IMORTAIS a nossa Casa Literária,
um lugar onde através da arte de escrever contribuímos
para o engrandecimento da cultura de nosso país.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

À PROCURA DE SENTIDO de LEANDRO EMANUEL PEREIRA

A psicologia vem corroborando consecutivamente, o facto de uma das atividades que mais contribuem para o aumento do índice de felicidade é viajar. Algo aparentemente compreensível, na medida em que quando viajamos somos sobressaltados com a novidade, seja por conhecermos locais que nunca visitamos (ainda que visitemos os mesmos locais por várias vezes, pois como Heráclito defendia, “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio”) seja por podermos conhecer novas pessoas, cheiros e sabores. Usufruir destes momentos através de uma contemplação frugal é algo que nos pode provocar boas sensações. Existe, todavia uma tendência contemporânea, onde viajar se verifica como um ato compulsivo, onde com frequência as pessoas o fazem sem aproveitar o momento, uma vez que apesar de ainda não terem terminado uma viagem, já estão assoberbados pela ânsia da próxima, pois não podem deixar de inundar as suas redes sociais com as selfies ornamentadas de praias paradisíacas, não vão os respetivos status serem afetados por uma diminuição de “likes”.
Sofremos de um vazio existencial, onde nos autoflagelamos pelo simples facto de em vez de aproveitarmos o resultado das nossas escolhas, ficamos obcecados com o que eventualmente podemos ter perdido nas hipóteses declinadas. Será a diversidade sinónimo de felicidade?
A viagem suprema é a que temos que fazer ao nosso interior, aquela que muitas vezes adiamos por não querermos enfrentar os nossos fantasmas, mas enquanto não os domarmos seremos nós as suas marionetas.

– À PROCURA DE SENTIDO –

O puzzle que não encaixa;
Por mais viagens que coleciones;
O vazio não rechaça;
Por mais fotografias que seleciones…

Será a viagem ao teu interior;
A mais difícil e reveladora;
Enquanto não deres sentido à tua dor;
Figurará como tua tutora…

Os teus sonhos só farão sentido;
No momento em que estiverem em sintonia;
Com a verdade a que foste nascido;
Indaga pela vertigem da tua própria sinfonia…

Paradoxal esta misantropia patológica;
Se choras no teu retiro implorando afetos;
Porque com audiência intumesces o teu ego?
Tentando fazer crer que não necessitas de afagos…

A noção de finitude;
Deveria ser o mote;
Para o fomento de afetos amiúde;
Talvez tivesses melhor sorte…

A perecibilidade;
Adorna a marca da tua amplitude;
Transforma a miserabilidade;
Na luz da sagacidade...

LEANDRO EMANUEL PEREIRA.
03º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Entrevista com Enoque Cardozo, fundador e presidente da AIL- Ordem Scriptorium. ACADEMIA INDEPENDENTE DE LETRAS

Acabou de sair/ser postado/publicado no PORTAL RECANTO DOS ESCRITORES a
ENTREVISTA COM ENOQUE CARDOZO, FUNDADOR E PRESIDENTE
DA AIL/ORDEM SCRIPTORIUM. ACADEMIA INDEPENDENTE DE LETRAS...


1.Fala um pouco de você, cidade profissão, enfim, fale um pouco pra pessoas te conhecerem melhor: Resposta: ENOQUE FERREIRA CARDOZO, é pai, escritor/poeta/romancista/contista/cronistas, professor/pesquisador em história, ilustrador, designer gráfico editorial, embaixador da poesia no Brasil, membro da UBE/Garanhuns, Membro honorário da Academia de Letras do Brasil/Minas Gerais/Região Metropolitana de Belo Horizonte - ALB/MG/RMBH e da Academia Nevense de Letras, Ciências e Artes – ANELCA, fundador da Trupe de Serviços Editoriais Freelancer, CASA LITERÁRIA ENOQUE CARDOZO - CLEC e da ACADEMIA INDEPENDENTE DE LETRAS – AIL. Nasceu em Angelim, uma cidade do interior de Pernambuco, Brasil, em 18 de Janeiro de 1991, filho de Lourival Felix Cardozo e Ivani Ferreira Cardozo. Entrou para o mundo acadêmico através da faculdade de Pernambuco – UPE em 2009 com formação acadêmica em licenciatura/História concluindo a faculdade em 2012.

2.Quando você começou a escrever?
Resposta: Em 2005, mas só em 2012 com 21 anos conclui e publicou pela Ed. Clube de Autores a primeira versão de “Aberta á temporada de caça a realidade (Crônicas, poesias e outros escritos)”, “As Mulheres do Sr.Leório e outras histórias (CONTOS)” e “A construção do histórico da capela de São Severino dos Ramos e o desaparecimento das romarias em Palmeirina-PE”. Desde então não parou mais de escrever.

3.Seu primeiro livro lançado e os demais (se tiver):
Resposta:
*ABERTA Á TEMPORADA DE CAÇA A REALIDADE (Crônicas, poesias e outros escritos). 1ª Edição. 2012/2ª Edição. 2015. Ed. Clube de autores. Joinville/SC.
*AS MULHERES DO SR.LEÓRIO E OUTRAS HISTÓRIAS (CONTOS). 1ª Edição. 2012. Ed. Clube de autores. Joinville/SC.
*A CONSTRUÇÃO DO HISTÓRICO DA CAPELA DE SÃO SEVERINO DOS RAMOS E O DESAPARECIMENTO DAS ROMARIAS EM PALMEIRINA-PE. 1ª Edição. 2012. Ed. Clube de autores. Joinville/SC.
*A FAMÍLIA MEGAN (Romance). 1ª Edição. 2016. Ed. Clube de autores. Joinville/SC.
*A SURPREENDENTE HISTÓRIA DE MABELLE (Romance/Infanto Juvenil). 1ª Edição. 2016. Ed. Clube de autores. Joinville/SC.
*O GATO (Conto). 1ª Edição. 2016. Ed.Clube de autores. Joinville/SC.
*ABERTA Á TEMPORADA DE CAÇA A REALIDADE (Crônicas, poesias e outros escritos). 3ª Edição. 2018. Ed. Academia Independente de Letras (AIL). São João/PE.
O URSINHO DA VITRINE (Infantil). 1ª Edição. 2019. Ed. Casa de Bonecas. São João/PE.

Já em parceria como capista, ilustrador e diagramador tenho hoje 1683 livros editados e publicados no Brasil e fora dele, impressos em editoras de pequeno e grande porte, plataformas online de auto publicação e impressão sob demanda em gráficas.

4.Como surgiu a AIL/Ordem Scriptorium 
Resposta: Com o fácil acesso a publicação em plataformas on-line e o crescente número de impressos sob demanda hoje no Brasil, o mundo literário sofre por mudanças, assim, como forma de acompanhar esses escritores nasceu a AIL, uma academia de letras que segue o escritor que publica de forma independente o qualificando e o integrando em uma associação unificadora de seu gênero artístico, a literatura.

5.O que te inspirou a criar uma academia de letras?
Resposta: Em 2012 quando editei e publiquei meus 3 primeiros livros em uma plataforma de auto publicação, percebi como o escritor brasileiro iniciante é desvalorizado e em muitos casos cartunizado até mesmo por outros escritores, afinal é normal sermos julgados por leitores, mas não por outros escritores. De lá para cá ao trabalhar como editor de livros tive contato com muitos grupos literários, UBE, Embaixadas de letras, academias de letras virtuais e físicas e associações para escritores independentes e por esses grupos ganhei alguns prêmios, destaque, menções honrosas e títulos o que me levou a fundar minha casa literária... A CASA LITERÁRIA ENOQUE CARDOZO (CLEC) sobre um desses títulos. Nela e por ela, todo e qualquer escritor poderia se desenvolver em seu oficio, criar projetos, ter ajuda e ajudar a outros como eles... Porém na casa literária precisávamos de mais espaço de mais OPORTUNIDADES, pensando nisso nasceu a TRUPE DE SERVIÇOS EDITORIAS FREELANCER como a primeira extensão da CLEC. Na trupe editamos livros, criamos capas, ilustramos e registramos com o menor e melhor preço do mercado editorial. Após a trupe decidimos em dar mais um passo, e assim nasceu a ORDEM LITERÁRIA SCRIPTORIUM, basicamente essa ordem de forma simplista era um grupo literário de reuniões onde discutíamos sobre livros, apresentávamos ideias, textos e obras inacabadas, e em uma dessas reuniões entrou em discursão a criação da AIL... Como fundar, o que fazer após a fundação, a quem pedir ajuda, como caminhar... Desde essa reunião foram 7 meses de pesquisa afinal uma academia de letras se prede ao seu território e o que queríamos era um outro tipo de associação, algo que fosse aberto para todos os escritores no brasil... E para isso a resposta surgiu simples em curtos momentos epifanicos. A AIL nasceria de forma física com escritório físico em nossa casa literária e ao mesmo tempo por nossa ordem seria virtual. Assim nasceu a AIL. Desde então em nossa casa literária como parceiro ganhamos o EDITORIAL CASA DE BONECAS e ELIZ EDITORIAL o que no futuro veio a contribuir para a criação de nossa própria editora.     

6.Como a AIL está hoje no mundo literário?
Resposta: Ainda estamos no começo de nossa jornada, porém mesmo com pouco tempo no mercado editorial gostamos de pensar que a AIL nasceu para revolucionar. Recebemos no ano de 2019 o prêmio referencia pernambucana, temos nossa própria editora onde editamos e publicamos os livros de nossos acadêmicos barateando o máximo o custo dos serviços e impressos. Fazemos concurso literário uma vez ao ano para compor uma antologia poética aberta não só aos acadêmicos da AIL, mas sim ao publico em geral. Desenvolvemos projetos escolares... E como a pérola, ou melhor, pérolas em nossa academia de letras, nossos acadêmicos nos privilegiam todos os messes com projetos, concursos e premiações levando o nome da AIL para o Brasil e fora dele.    

7.Quais os planos futuros para a AIL?
Resposta: O futuro não é uma coisa em que eu particularmente gosto de pensar, mas como previa posso dizer que minha ideia é abrir escritórios de nossa ordem em outros países, coisa que no momento esta em andamento... Portugal estamos chegando.
    
8.Qual a definição de SCRIPTORIUM
Resposta: SCRIPTORIUM - literalmente, “um local para escrever”, era comumente usado para referir-se a um quarto nos mosteiros medievais europeus destinado aos monges copistas que, na época medieval, escreviam os manuscritos; ou seja, o scriptorium era um complemento da biblioteca.


“Escreva tudo que lhe agrade, porque são tuas palavras, tua verdade e tua vida... Cabe a outro ler, julgar e viver. E se achar necessário travestir-se de tudo aquilo que leu e disso derivar uma nova verdade e uma nova vida”.
– Enoque F. Cardozo
enoque.f.cardozo@gmail.com

ENOQUE FERREIRA CARDOZO
Presidente fundador da AIL
Cadeira n.01. A Epifania.


quinta-feira, 1 de agosto de 2019

S A U D A D E de ANTÓNIO JOAQUIM ALVES CLÁUDIO

TEMA DE INTRODUÇÃO: "SAUDADE". Saudade! ...Sentimento nada fácil de explicar, porquanto engloba várias formas do ser humano sentir, interiorizar ou exteriorizar algo, que a sua alma ao gravar um acontecimento (negativo ou positivo) mais tarde a mente tenta reconstruir, seja desgosto, alegria ou prazer, ocorrido num determinado momento das suas v...idas. 
Esta situação torna-se a maior parte das vezes impossível de voltar a suceder, por esse facto se revivem acontecimentos passados, cuja intensidade pode ser agradável ou dolorosa. 
Esse "registo" jamais fica esquecido na nossa memória. 
Segundo vários estudos, o sentimento (saudade) está mais latente em povos latinos, com especial incidência em Portugal, daí o facto do FADO (canção Nacional Portuguesa) representar (talvez) a saudade, englobando poética e musicalmente uma expressão, onde esse sentimento serve de inspiração!

– S A U D A D E –

Saudade!...
Angústia... Desejo... Recordação;
Tristeza... Alegria... Emoção!... 
Sonho, que se vive bem desperto!...

Saudade!... 
Daqueles, que estão longe ou, que partiram, 
Das saudades daqueles, que as sentiram... 
Saudade ainda maior por quem está perto! 

Saudade!... 
Por vivermos... por amarmos, 
Saudades, que em sonhos desejámos, 
O sim, o não e o talvez do que queremos... 

Saudade!... 
Das marcas e lembranças não esquecidas, 
Da vida, que tão pouco foi vivida, 
De tudo o que se julga e não sabemos!... 

Saudade!... 
Das horas felizes, que passaram. 
Por recordações tão belas, que ficaram... 
Jamais esquecidas podem ser!... 
Saudades das saudades não vividas, 
Saudades por saudades não sentidas... 
Saudades vou ter de ti... quando morrer!...

ANTÓNIO JOAQUIM ALVES CLÁUDIO
01º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

terça-feira, 30 de julho de 2019

“AMOR-DE-AMIGO” NOS VÍNCULOS HUMANOS FELIZES de DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

“Amor-de-amigo” nos Vínculos Humanos Felizes: Sendo consabido que o ser humano é cada vez mais dependente das relações que estabelece com os seus congéneres, então importa aprofundar os respetivos conhecimentos das diferentes áreas onde o relacionamento se desenvolve entre pessoas.
E se a comunicação interpessoal é o meio privilegiado para o desenvolvimento das relações, a partir de uma educação e formação ao mais alto nível, também é verdade que sentimentos de amizade e de “Amor-de-Amigo” facilitam, ainda mais, as relações entre as pessoas que os possuem e vivem.
Provar o contrário, é relativamente fácil, isto é, o que se verifica é que sentimentos como: o ódio, a vingança, o desprezo, entre muitos outros, sempre conduzem a situações conflituosas, com consequências imprevisíveis e, quantas vezes, irreparáveis. O mesmo acontece entre povos e nações, quando após os conflitos armados se reconhece a necessidade do diálogo, dos valores da tolerância, da solidariedade e até do perdão.
Apesar da evolução da humanidade e de se considerar que ao longo da história do homem sempre houve conflitos, atualmente não se justificaria a existência, não só no mundo, mas também entre as pessoas, de imensas divergências fratricidas, que conduzem à negação dos autênticos valores e sentimentos que deveriam estar presentes em todos os momentos da vida de cada pessoa.

Pelo contrário: 

«Não devemos tentar avaliar os problemas em termos estritamente individuais, pessoais ou privados, se queremos que a sociedade evolua e que se resolvam os problemas gerais.»


(ANGERS, 2003:35).

A felicidade em geral, e de cada pessoa em particular, passa, portanto, pela resolução dos problemas que sempre vão surgindo, pelo menos enquanto não se chegar a um estádio de desenvolvimento, ao nível das ciências sociais e humanas, que sensibilize a todos para os valores da comunicação transparente e para os sentimentos especiais, particularmente entre amigos, e da amizade global. 
O sucesso das pessoas, das organizações, dos povos e do mundo passa, também, pelo maior ou menor grau de maturidade de cada indivíduo, o que se adquire com a experiência, mas também com o estudo, com o trabalho e a educação, porque:

«O sucesso está subordinado à felicidade e, a felicidade está muito mais próxima da sabedoria do que da inteligência. As melhores coisas da vida brotam de fontes tão pequenas que, muitas vezes, passam ao lado delas, sem percebê-las.»


(PIRES, 1999:122).

Individualmente considerado, muito dificilmente alguém vai adquirir o sucesso, ou a felicidade, totais, porque será sempre necessário, pelo menos, mais um parceiro. Se o sucesso a atingir for pela via da amizade, é fundamental o relacionamento com alguém; se o caminho a seguir for o das relações humanas, igualmente é necessário estabelecer a comunicação com os seus semelhantes.
O percurso, eventualmente melhor, salvo outras teses, poderá ser através da amizade para o desenvolvimento das relações humanas felizes. Que melhor sucesso se poderá exigir da vida do que aquele que é obtido por valores, sentimentos, emoções, e resultados, neste caso, os que são proporcionados pela felicidade?
O conceito de “Amor-de-Amigo” não está muito divulgado, e quando se aborda, precisamente no âmbito da amizade, é logo conotado com um outro amor que conduzirá, no limite, ao instinto e prazeres sexuais.
Ora, não é este o significado que aqui se pretende defender para o “Amor-de-Amigo”, bem pelo contrário, deseja-se evidenciar aquele amor sincero, que entre amigos favorece a solidariedade, a amizade, a lealdade, a cumplicidade, a intimidade, a coesão, a tolerância, a compreensão, a crítica construtiva, a proteção física e intelectual, enfim, se necessário, o perdão.
Será um amor que não está acessível a uma qualquer amizade oportunista, casuística e interesseira. Não é um amor que apenas dura enquanto existe visualização e algum contacto profissional, social ou de outra natureza. Por isso é que o “Amor-de-Amigo” é, muitas vezes, confundido com o amor dos cônjuges ou até de simples namorados.
Conforme se aceita o amor de irmãos, de pais, de filhos, dos diversos familiares, entre outros, de igual forma o “Amor-de-Amigo” deve entrar nos sentimentos e emoções mais profundos e consolidados, a partir da amizade sincera, verdadeira e inquestionável, que também ela poderá facilitar um novo caminho para o sucesso e para a felicidade.
Mas é verdade que, por vezes, as pessoas se dizem amigas porque se conhecem desde os tempos da escola, da tropa, do trabalho ou até das diversões. Essa amizade vai-se consolidando ao ponto de tais amigos já não quererem conviver com outras pessoas, ou, pelo menos apreciar mais o convívio com os tais amigos, não prescindindo da sua companhia, estando ao lado deles quando necessitam. Neste caso e sem o saberem, poderá existir aqui alguma semelhança com o “Amor-de-Amigo” ou caminhar-se nesse sentido.
Evidentemente que o relacionamento humano, entre estes amigos, terá, forçosamente, de ser bom e, entre eles, neste âmbito, será, certamente amigável. O equilibro da sociedade resultará, portanto, das relações, naturalmente boas, dos grupos de amigos que a constituem e que formam as comunidades e empresas.
O verdadeiro “Amor-de-Amigo” deve ser cultivado como um sentimento profundo, muito especial, sem reservas, obviamente traduzido nos atos compatíveis com ele. Os verdadeiros amigos que se sentem inundados por este “Amor-de-Amigo” devem respeitar-se, dentro dos limites que, reciprocamente, se impõem, sem prejuízo dos gestos e atitudes carinhosas, reveladores de pessoas com bons sentimentos, educação, respeito e sem quaisquer outras intenções inconfessáveis.
A amizade traduzida e levada às respetivas manifestações do “Amor-de-Amigo” implica, inclusivamente, passar por uma necessidade de maior proximidade, acompanhamento, atenção, carinho e consideração especiais em relação aos amigos ditos de ocasião. Se em cada duas pessoas houvesse este verdadeiro “Amor-de-Amigo”, o mundo estaria bem melhor, e a felicidade seria possível.
Acredita-se que será difícil, por vezes, confiar em certas pessoas e, provavelmente, impraticável em relação a muitas outras. É possível compreender que, em muitas situações, um homem, ou uma mulher, se possam relacionar muito bem, mesmo tendo em conta uma certa sociedade preconceituosa ou até maledicente.
 O verdadeiro “Amor-de-Amigo” dever ser superior a tudo isso. As pessoas devem, livremente, escolher os seus amigos, sem emboscadas, nem imposições, nem hipocrisias. Quando tal “Amor-de-Amigo” existe, com sinceridade e sentimentos nobres, a entrega deve ser total e recíproca, e não uma rendição provocada por instintos animalescos. Uma dádiva comungada, simultaneamente, pelos amigos, mas regulada por valores que resultam dos sentimentos e da racionalidade.
O ser humano não é apenas racional ou sentimental. Terá as duas dimensões, que devem ser cultivadas, porque: razão sem sentimentos pode ser injusta; e sentimentos sem a razão pode conduzir à cegueira.
Também aqui, este “Amor-de-Amigo”, que será equilibrado, porque racional e sentimental, é importante no bom relacionamento e na consolidação da felicidade, esta considerada como um ideal sonhado e um objetivo alcançado entre amigos verdadeiros, um estado de espírito tranquilo e carinhoso.
Os verdadeiros amigos, que sentem esse amor, diferente de todos os outros, que estará num nível, eventualmente, abaixo ao do amor dos cônjuges, deve ser alimentado, reciprocamente, pelos dois amigos, porque: 


«Alguém precisa de nos encorajar a não pormos de lado aquilo que sentimos, a não termos medo do amor e do sofrimento que ele gera em nós, a não termos medo da dor. Alguém precisa de nos encorajar para o facto de esse ponto macio em nós poder ser desperto e, ao fazermos isso, estaremos a alterar as nossas vidas.»
(CHODRON, 2007:117).


Quantas pessoas se dizem: não terem sentimentos ou não serem sentimentais; não apreciarem uma “saudação” especial de “Amor-de-Amigo”; pretenderem ser apenas racionais; não acreditarem, inclusivamente em valores supremos e entidades divinas.
É bem provável que tais pessoas sofram imenso, que, mesmo não aceitando, talvez, aparentemente, necessitem de uma palavra amiga, um ombro onde possam descansar a cabeça que sofre, por que não, de um beijo especial de amigo, com carinho e respeito.
Pensa-se que a atitude mais sincera e eloquente da pessoa racional e, simultaneamente, sentimental, perante um destes amigos é estar sempre ao seu lado, nas horas boas e nos momentos menos bons, acariciar, confortar e nunca o abandonar.
É, igualmente, despertar o amigo para esta dimensão sentimental que está dentro dele, mas que ele não quer admitir. É trocar opiniões, sugestões, experiências. É ensinar e aprender aquilo que eles pensam não saber e que podem consolidar, ainda mais, o “Amor-de-Amigo”.
Quem sabe se no falhanço de um matrimónio, este “Amor-de-Amigo” não poderá constituir o lenitivo para a dor e sofrimento, numa primeira fase e a solução numa etapa posterior, daí a importância que se pode dar a este “Amor-de-Amigo”. Também, por isso mesmo, é tão importante nunca trair aquela pessoa que sente por outra o verdadeiro “Amor-de-Amigo”.
A felicidade dos verdadeiros amigos, a possibilidade de despertarem os sentimentos que estavam adormecidos, são aspetos a ter-se em conta, porque as relações humanas felizes passam também por este “Amor-de-Amigo”.
Os amigos que cultivam, sincera e sentimentalmente este amor tão sublime, devem, portanto, alimentá-lo, procurando, ao longo da vida, todos os momentos, todas as oportunidades para o vivenciarem, com carinho, com valores, com sentimento, com emoção, por que não, com uma ingenuidade de pré-adolescente, no sentido, se essa for a vontade de um deles e/ou dos dois, de não ultrapassar a linha de separação entre a sexualidade e a amizade do “Amor-de-Amigo”.
Em todo o caso, sempre vai ser necessária uma grande adaptação, porém, com muito empenho e entusiasmo, sem esforço imposto, mas com amor recíproco:


«A relação de Amizade é uma grande manifestação do Amor humano. O Amor de Amigos é Amigável, puro e sem hipocrisia. A pessoa escolhe livremente gostar dessa pessoa, amar essa pessoa, a que chama AMIGO. A pessoa não está ligada à outra pelo instinto! É uma simpatia pela pessoa. Amizade pode existir entre homem e mulher, entre homem e homem, entre mulher e mulher. Neste Amor de Amizade não há! Não existe atracão sexual. (…). A verdadeira Amizade ou seja Amor de Amigos, traz muita alegria, a pessoa Ama e dá sem esperar nada em troca. Não Ama o Amigo pelo que ele fez ou faz! Ama independentemente da ajuda, de qualquer coisa que a pessoa Amiga faça. Nós Amamos os nossos Amigos queremos estar perto deles. Desejamos o melhor para eles. Desculpamos os erros. Temos bons pensamentos, boas palavras, bons sentimentos, bons desejos para os nossos Amigos. Desejamos tudo de bom para os nossos Amigos. Somos sinceros! Puros! Amáveis! Honestos! Leais! Verdadeiros! Com os nossos Amigos. Esta é a verdadeira relação de Amizade. Gostamos dos nossos Amigos.» 
(ROBERTSON, 2007 in: http://www.google.pt/search?hl=pt)


Numa análise mais simples, o “Amor-de-Amigo” é uma dimensão profunda nas relações de amizade imensa, entre duas pessoas, que ainda está pouco explorada, mas que poderá ser uma boa via para a felicidade dessas mesmas pessoas em particular, e do mundo em geral.
Este “Amor-de-Amigo”, entre duas pessoas, poderá ser vivido como “Uma Aventura Mágica”, como um pequenino segredo entre elas, fechado a “sete chaves”, levado por cada uma para o “túmulo”, mas durante a vida, sempre enriquecido pela magia desse mesmo “Amor-de-Amigo”.
Esta atitude, entre aqueles que sentem um verdadeiro “Amor-de-Amigo”, só é assim mantida, precisamente porque este amor, de verdadeiros e sinceros amigos, ainda não está bem difundido na sociedade, porque os preconceitos são um obstáculo para que tal “Amor-de-Amigo” seja livre e publicamente manifestado.
Ainda haverá um longo caminho a percorrer para que o “Amor-de-Amigo” seja uma realidade, entre duas pessoas que se gostam imenso, num contexto da amizade mais profunda e sincera, dentro dos limites que tal amizade lhes impõe.


BIBLIOGRAFIA
ANGERS, Maurice, (2003). A Sociologia e o Conhecimento de Si. Uma outra maneira de nos conhecermos graças à Sociologia. Tradução, Maria Carvalho. Lisboa: Instituo Piaget 

CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Tradução, Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores. 

PIRES, Wanderley Ribeiro, (1999). Dos Reflexos à Reflexão. A Grande Transformação no Relacionamento Humano, Campinas: Editora Komedi. 

ROBERTSON, Maria, (2007). Amor de Amigos. (Disponível em http://blogamor.blogs.sapo.pt/30407.html, consultado em 21.08.2011)

Venade/Caminha – Portugal, 2019

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
02º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.

domingo, 28 de julho de 2019

DÔR de LEANDRO EMANUEL PEREIRA

AFORISMO ACERCA DO POEMA “DÔR”: Na sociedade contemporânea, sobretudo no mundo ocidental, verifica-se uma crise de valores, nomeadamente no que concerne à moral e ética, assim como se compreende que a volatilidade relativa à evolução tecnológica e ao fenómeno da moda, cria um grau de instabilidade psicológico nas pessoas que promove o desenvolvimento de falsas expectativas em relação ao índice de felicidade que é passível de ser alcançado, como se este pudesse ser um fenómeno estanque e linear na vida de alguém. Com todo este fenómeno, as pessoas sentem a necessidade de criar "personas" nefastas que escondem a sua real essência e portanto ficam cada dia que passa mais enclausuradas, numa dor existencial que as aflige e corrói as respetivas entranhas...

– DÔR –

Dói a clara noção;
De tão real que surge;
Estar sozinho numa multidão;
No marasmo que nos aflige…

Imploramos por um simples abraço;
Chegamos a roçar uns nos outros;
Para sentirmos na alma o afago;
A constatação do quanto vulneráveis somos…

Dói compreender o rumo da humanidade;
Aferir a incapacidade na dissolução do vil egocentrismo;
O flagelo que nos sentenciará sem piedade;
Sublimamos as nossas maldades com fortuito hedonismo…

Teremos a sapiência;
Para colmatar as nossas fraquezas?
Transformar a insolência;
Em frugais idiossincrasias…

Dói velejar;
Num mar de pruridos;
Sem a esperança de atracar;
Na terra dos ensejos…

Os cândidos sempre apregoarão;
Palavras de alento resplandecentes;
Não abraçar o obscurantismo de antemão;
Aponta a revelação e o abismo dos descrentes…

LEANDRO EMANUEL PEREIRA.
03º Membro Correspondente AIL. Brasil/Portugal.